sexta-feira, 26 de novembro de 2010

No altar dos sacrificios III

O interesse pelos mistérios da Pedra da Gávea, por civilizações ancestres, ufologia, esoterismo e arqueologia e até arqueologia submarina fez com que descobríssemos uma incrível coincidência; em março de 1972 assumi a assessoria de cultura e pesquisa de campo da Abepa e em fevereiro ele havia deixado o cargo por não aceitar imposições um tanto inconsequentes de seu diretor.
Conheci At em Sepetiba quando ainda militava no Movimento Comunitário. Viera me procurar, pois queria me colocar em contato com uma amigo seu, engenheiro, representante de uma das empresas concorrentes para efetuar as obras dos primeiros brizolões. Educado e de conversa além da convencional, pois estava o par de várias gamas do conhecimento, para nós foi fácil encetarmos uma amizade.
Vários fatos de características inusitadas e transcendentais envolveram a nossa amizade. O primeiro foi quando comecei a organizar e trabalhar em tempo integral no Tecno Teste, a Ciência Oaieme Aieme. Participava a anos de uma instituição milenar de esoterismo e dela recebi uma carta cujo teor me indagava sobre o que eu estava fazendo. Que “história e estórias são essas” era o teor da pergunta. A carta me intimava a entrar em contato imediato com a organização através de um telefone específico para prestar esclarecimentos. Fiquei fulo de raiva e como At fora ou ainda era membro atuante, fui até a sua casa e mostrei - lhe a carta e ele com o olhar sério perguntou o que eu pretendia fazer. Disse-lhe que mediante o fato e outros em que eu questionei por carta expressa superiores, iria imediatamente me desligar da entidade e queimar tudo em minha casa e atelier que se relacionasse com ela.
- É sua ultima palavra? Indagou.
- Em relação ao fato é e se você me permite ligarei daqui mesmo.
- Use o telefone, vou gravar a conversa. Falou ele enquanto abria uma gaveta e preparava um gravador.
Instalado o esquema de gravação, liguei. Do outro lado alguém que parecia aguardar a minha ligação atendeu.
- Olá XXXX João Batista. Um bom dia. O que nos tem a dizer ou explicar?
- Nada. A não ser informar que a partir desta data não pertenço mais aos quadros desta instituição.
- Mesmo que você morra nunca deixará de ser um de nós.
- Vou pagar para ver, redarguí. Discutimos mais um pouco e desliguei o telefone
Conversei com At mais um pouco e fui embora. No atelier, queimei tudo que pertencia ou se relacionasse com a instituição. Só guardei a carta e a carteira de identificação para comprovação do fato.
Algum tempo depois, na Feirarte de Ipanema um cidadão alto, branco de feições nórdicas estava em frente ao meu painel e observava atentamente meus quadros. Aproximei-me e percebi que ele ostentava um grande anel de ouro ornado com os símbolos da instituição. O anel demonstrava a sua posição na instituição e no contexto da sociedade. Fitamo-nos por um momento. Nada falamos, nada dissemos. Foi como se um cão e um gato se esbarrassem numa esquina e como é obvio se entranhassem. Olhei para seu anel insinuando coisas e olhei duro para seus olhos e ele me olhou duro também e seus olhos pareciam faiscarem na tentativa de me intimidar. De repente deu um olhar de escárnio e zombaria virou as costas e se foi. Não senti medo, apenas tive a certeza que todos estavam do lado de cá do rio da vida e eu, do outro lado, sozinho, terrivelmente só.
O interessante deste texto total é que quando digitava o trecho “ identificação para comprovação do fato”, a luz deu uma queda e tive que refazer todo o texto, exatamente hoje, quarta feira, 21 de julho de 2010 as 09:43.
No começo dos trabalhos com a Ciência Aieme, a cada resultado novo, tentava explicar a outras pessoas o que estava acontecendo, invariavelmente ficava falando sozinho. Por isso nunca mais contei nada ou falei sobre o trabalho com qualquer pessoa. Apenas At quando o visitava se inteirava dos progressos da obra, fazia seus comentários sempre me alertando sobre as dificuldades que enfrentaria.
O segundo acontecimento foi quando atendendo a um telefonema de At fui à sua casa.
Em chegando lá o encontrei arrumando suas coleções de livros e revistas em suas novas prateleiras.
- Afinal encontrou a solução final para o espaço? Indaguei.
- Claro. Agora vou ter tudo organizado. Tenho algo a te mostrar por isso telefonei. Você terá que voltar logo mais a noite, lá pelas 09:00 Ok? Veja ali na área de serviço, acabei de montar o telescópio ontem.
Fui à área de serviço e lá estava materializado um de seus sonhos, um enorme telescópio de uns 2 metros elaborado com um enorme cano de esgoto de 150mm cheio de esquisitos acessórios.
- Caramba! Está lindão, comentei.
- Hoje, a noite será excelente e favorável, você não pode perder.
- Claro que não respondi e voltamos para a saleta um misto de atelier, oficina, biblioteca e recinto de orações.
Continuamos a conversar enquanto ele arrumava tudo. Distraidamente manuseava livros quando em cima de uma cadeira divisei três grossos volumes de capa dura. Ao pegar um deles ele explicou:
- São navios do século XVIII e XIX. Belos você não acha? Seus nomes estão embaixo das estampas.
- Sim. Sim respondi enquanto folheava um deles.
- Poxa. São navios de todos os tipos e procedências. Escuta aqui At, eu procurei no índice mais não achei nenhum com o nome de Thetis. Será que existiu algum navio com esse nome?
Levei um tremendo susto; At vinha com uma pilha de livros que apanhara no corredor e os deixara cair. Estava pálido, de olhos esbugalhados e parados ali na minha frente.
- O que houve At? Indaguei.
- Repita o nome do navio. Exigiu ele.
- Tethis At. Thetis.
- Onde você achou esse nome? At olhava-me sério e estava um pouco nervoso
- Em lugar nenhum At. Simplesmente eu estava pesquisando uma variante de cálculos da Ciência Oaieme a nível progressivo e para isso escolhi como tema D. Pedro II. Como esse tipo de calculo é complicado e trabalhoso não mais os fiz, pois tenho que publicar os que já estão elaborados.
- Se você não sabe o resultado de cor vá buscar para me ver e lê.
Peguei sua bicicleta e célere fui até ao atelier e lhe trouxe uma cópia do laudo feito. Ele pegou a cópia, leu sôfrego e exclamou.
- Ratos. Os documentos comprobatórios disso e da divida inglesa foram incinerados. João seu lado está certo o navio naufragou depois de Cabo Frio e os ingleses fizeram tudo para resgatar alguma coisa. Trouxeram até mergulhadores polinésios e navajos mais em vão. O mar escondeu tudo. Atualmente, que eu saiba só três pessoas sabem disso, os dois velhos marinheiros que me contaram a história se estiverem vivos e eu. Quanto ao nome do navio pode ser que haja alguma diferença, talvez na quadratura você encontre outro nome de uma Musa marinha. Aliás, João, você pretende continuar com as pesquisas da Ciência Oaieme?
- Sim. Por isso deixei até de pintar. Irei até o fim mesmo que meus últimos dias sejam de cuia mão.
- Escute o que lhe digo: Se você continuar vai se deparar com obstáculos quase intransponíveis, mais se ultrapassados lhe trarão pelo menos a glória da realização. Por outro lado, se você desistir sua velhice será coroada pela magoa e a revolta de não ter acreditado em você mesmo. É pegar ou largar companheiro, pois eu vi isso no Tarô.
- Já peguei e abracei e o Tarô não sabe de tudo, respondi sorrindo.
- Pode ser, pode ser. Infelizmente não vou ter vida para bater palmas para você. Minha partida se avizinha João e consciente disto estou.
Seu olhar era triste mais de resignação.
Ele sofrera um acidente que se transformou em esquisita doença. Apesar de ter a aparência saudável, era diabético e não tinha forças para trabalhar a não ser pequeninos consertos na área da informática e eletroeletrônica. Como era muito reservado com suas coisas intimas , nunca perguntei como se acidentara talvez penso eu, em alguma pesquisa submarina.
- Já vou indo, falei sorrindo para animá-lo. Mais as 09h00min estarei de volta
- Não falte. A noite vai ser linda.
À noite voltei e fomos observar o céu. Ele me mostrava as constelações, dizia os nomes e me apontava estrelas enquanto eu me recriminava por nunca ter dado importância a essa atividade; a astronomia.
Antes de tecer considerações sobre o terceiro acontecimento cujos atores foram At e eu convém dar explicações sobre o texto e seu personagem central. Eis aí na íntega  a sinopse do texto.
Tecno teste 2° Grau = nível B
Multiplicação-Laudo-
Eu sou o Santo Saci e reino nos ermos sertões ao Brasil.
Se você me crê, eu contarei a estória. Se você não me crê, eu calo e em noite escura verás meu vulto e a bosta e a urina irá melar tua meia.
Eu vi as cenas no mar e o relato está ai.
No ultimo século o Brasil tinha um rei alto, sábio, másculo, e com muito charme varonil e isto cativou a muitos. Muita senhora rica nas Cortes em além mar tinham suave anseio ou anelos ao Real Senhor. E a Real Senhora britânica muito ouvia contar sobre o Brasil e seu imortal Real Senhor
E a bela e Real Senhora se motiva...
O Reino Britânico tinha muitas contas e acertos e a libra não tinha mais lastro hábil no haver ou nos baús. Um navio bucaneiro e uma escuna real vinham ao Brasil e ano a ano e muito se levou ao Reino Britânico em réis, libras, brilhantes, ricas pedras e bens em lotes em malotes e, baús e tonéis. E só eram abertos no Real Castelo Britânico. A ralé no navio ou na escuna não violam e não roubam, não levam as chaves.
A escuna real tinha branco velame e era muito versátil. No seu velame e até no alto mastro central se via o Rebus Real em meio a virotes, venábulos e letras em tons carmins e sob o Rebus Real se lia ou se via um verso em latim ao Reino Britânico.
Aí está o ato ou cena e será o ultimo: a escuna e o navio ao voltarem rumo ao reino Britânico em negra e trevosa noite, violenta maré os sova.
Eu vi as cenas e os atos relato;
A escuna e o navio se rebolam no mar infesto e não se norteiam. E nívea nuvem em vórtices se volta contra as naus. Na escuna se reiçam os velames e a escuna aos trancos e a meia nau se vai rumo ao norte. Mais o navio bucaneiro, sem lastro ao nível, com muita coisa em baús e tonéis até o convés vira num tranco, emborca e mergulha no negro mar. Seu nome honra uma Musa e está no tema. Se tens crânio ou tino adivinhe o resto.
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Os laudos da Ciência Oaieme são elaborados em Idioma Brasileiro Livre e não obedecem as normas da língua portuguesa
Nosso personagem central ao texto o Saci é vitima de uma impostura cultural sem precedentes. A divulgação de sua imagem demonstrando ser ele um negrinho perneta de barrete vermelho na cabeça e cachimbo na boca é uma ofensa as tradições culturais e religiosas de nossos brasileiros indígenas bem como uma falta de respeito a nossa ancestralidade, assim como a nossa inteligência. Quem inventou o Saci negro foram os jesuítas e o colonizador português com a intenção de desmoralizar a cultura indígena. Mais em que base me escoro para me expressar deste modo? Abaixo estão elas e desminta-as se, ou quem puder.
Não existem índios negros no Brasil.
Nossas crianças indígenas não fumam e muito menos fumariam principalmente as do passado.
O barrete vermelho na cabeça era um ícone da Revolução Francesa, costume que os franceses copiaram dos povos Frigios, pois o barrete vermelho era uma peça especifica das indumentárias de tal povo
O que me causa espécie é que nem mesmo o Ministério de Educação e Cultura se pronuncia a respeito desta ofensa cultural, o que me faz pensar que falta no âmbito da educação e cultura desta Nação algo que se chama, amor a nossa Brasilidade.
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**** O olho que dizem que tudo vê, olha o Mundo e não me enxerga pois no Ontem não era, no Hoje não é e no Amanhã nunca será. No entanto Eu olho o Mundo e o olho que dizem que tudo vê: Eu o vejo e o enxergo pois no Ontem Eu era, no Hoje Eu sou e no Amanhã sempre serei porquê na Eternidade das Eternidades, Sou Um de D*E*U*S*.
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**** Eu vim, vi e venci e nem “eles” me viram nem tu me viste.
**** Um abraço a todos, até o próximo artigo e Inté.
**** Independência ou Sorte. O Aedo do Sertão

**** Fim.

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