Estava
na Sala de Comando conversando com o Físico e Engenheiro Brig.
Perzini a respeito da
Ciência Oaieme e seus Sistemas e
fiquei admirado com a visão que ele tinha sobre o mesmo.
-
Cmte Jotha, não tenho tempo disponível para este tipo de pesquisa
mais estou convicto que a Física pode empregar os Sistemas de
pesquisa da Ciência Oaieme em proveito próprio.
-
Como assim? Não entendo de Física a não ser o trivial e não sei
como a Ciência Oaieme vai lidar com números, fórmulas e equações.
Alguém
da sua equipe assomou a entrada da Sala de Comando e ele deu a
entender que precisava resolver a alguma urgência de suas ocupações.
-
Pode ir Brig Perzini mais o acompanho até seu departamento para que
possa me dar explicações a respeito da associação Ciência Oaieme
e Física.
Enquanto
caminhávamos pelos corredores da nave, ele continuou a dar suas
explicações:
-
Cmte Jotha, a Física não é só números, equações e fórmulas.
Ela também é teorias, hipóteses, deduções, ensaios e outras
atividades das Inteligências Múltiplas que no momento não me vem a
mente. Tudo isto pode ser analisado pelos sistemas da Ciência Oaieme.
-
Sinceramente Brig Perzini nunca me passou pela mente este raciocínio.
Realmente estou surpreso com a possibilidade do emprego da Ciência Oaieme na área da Física.
O
Departamento de Física da nave era bem equipado e amplo. Em espécies
de quadros negros esquisitas equações estavam inscritas e em
espaçosas mesas oficiais e praças estavam atentos as suas tarefas.
Numa
tela tridimensional apareceu um oficial de comunicações:
-
Atenção, atenção Departamento de Física. Contato em um minuto.
-
Cmte Jotha, o senhor vai conhecer um cientista muito interessante.
Talvez a proposta de sua equipe seja homologada pelo Sistema. Ele e
sua equipe trabalham na Molécula 04- Niger na Africa Sub Saariana.
Ele e sua equipe desenvolvem pesquisas na área da bacteriologia. São
pioneiros na pesquisa que envolvem a bactéria Magnetospirillum magneticum.
Eles apresentaram um interessante projeto de resgate da Unix I.
Pessoalmente torço por eles.
Contato
realizado a imagem do cientista africano apareceu no centro da Tela.
-
Bom dia Brig Perzinini ainda não me acostumei com o Uvvê de vocês.
-
Não é Uvvê Tahir é A´Úvvê’!A´Úvvê!
-
Então A’Úvvê! A’Úvvê para todos.
-
Cmte Jotha este é Thair Boateng um de nossos expoentes em Física e
Química.
-
Olá Thair é um prazer conhecê-lo.
-
O prazer é todo meu Cmte. Por pouco não nos conhecemos na Molécula
01 – Canudos.
Ia
continuar o diálogo mais Dhoren entrou no recinto já falando:
-
Cmte Jotha venha depressa a Sala de Comando a Srta Zhang se meteu em
tremenda confusão na selva.
-Thair
me desculpe mais tenho prioridades.
-
TC. Comandante. Até mais ver.
Ao
chegar a Sala de Comando a transmissão já estava efetivada e o
oficial interino responsável pela NVBR-05 me aguardava. Sentei na
cadeira de Comando e ele foi explicando:
-
Cmte Jotha Srta. Zhang deixou a aldeia do Reino dos Tupyguaçus as
dezoito horas de ontem e ainda não chegou a aldeia por que está
sendo perseguida por garimpeiros que se defrontaram com ela quando
ela deixou as cavernas de acesso ao Reino.
Considerando
a hipótese de que vão encontrá-la, estão a uns trinta minutos de
distância da moça.
-
Pedi uma opinião aos Tupyguaçus através da sonda telexiônica mais
eles simplesmente disseram para que não intervisse nas ações da
moça. Por isso peço orientação superior.
-
Tem a gravação do ocorrido?
-
Sim comandante.
-
Então aguarde na tela e espere para retransmitir as ações. Oficial
de comunicação por favor entre em contato com o Dr. Roberto onde
ele estiver.
Não
demorou muito e a imagem do Dr.Roberto apareceu em outra tela.
-
A’Úvvê Cmte Jotha. Alguma reunião especial?
-
Não Dr. Roberto. Pelo visto está em trânsito.
-
Sim. Estou chegando da Ásia.
-
Dr. Roberto o problema é que a Srta. Zhang saiu do Reino dos
Tupyguaçus ontem pela tardinha e ainda não chegou na aldeia. O Dr.
Celso e Sheylla estão na aldeia?
-
Sim desde ontem pela manhã.
-
Então comunique a eles para entrarem em sintonia com NVBR 05 para
receberem orientações. Uma sonda telexiônica irá para a aldeia.
-
TC Cmte Jotha. Mais alguma coisa?
-
Não Dr. Roberto.
-
Entrarei em contato ao chegar na Molécula. Inté.
-
Inté Doutor.
-
Cmte a transmissão está no ponto posso iniciar?
Fiz
um sinal de sim para o oficial de comunicações fui sentar em uma
das cadeiras de Comando.
A
transmissão começou quando no centro da aldeia do Reino dos
Tupyguaçus a Srta Zhang se despedia dos etéreos Morubixabas e a Lua
no alto do céu iluminava a incrível cena. A moça foi abençoada
por todos e cada um lhe transmitiu uma mensagem pessoal e específica.
A seu lado, Pery Quiang seu filho estava quieto mais sorria e dava
adeusinhos para os Sábios de nossa Ancestralidade indígena.
O
Tupyguaçu Guia ajudou a Srta Zhang a ajeitar a criança numa espécie
de mochila que estava atada a seu peito, ajustou a mochila das costas
e como deram tudo por pronto, partiram.
Andaram
em silêncio por muito tempo mais já dentro das cavernas em enorme
salão natural quase a saída para o mundo exterior o Tupyguaçu Guia
parou e disse:
-
Vamos descansar aqui. Dê alguma coisa a criança e se alimente
também e procure dormir, quando você acordar então prosseguiremos.
Enquanto
a Srta Zhang dava o peito a Pery Quiang comia beiju recheado com mel
que ela mesmo havia preparado para a viagem. Saciados, ela aconchegou
o menino contra seu corpo e adormeceram.
O
Sábio Tupyguaçu a uma certa distância sentou-se e foi cuidar de
suas orações.
Lá
pelas cinco horas da manhã uma algazarra incrível de papagaios
ecoou no interior da caverna e a Srta Zhang acordou.
-
Zhang, ali atrás daquela pedra tem água corrente. Se lave e banhe o
menino. Depois faça seu desejum aí então partiremos.
-
Sabe Morubixaba, vou sentir muita falta de vocês.
-
Nós também minha menina. Mais um dia nós estaremos reunidos no
mesmo lugar, na Terra onde mal nenhum existe.
-
Ela é mesmo real ó ~Ivvihu’upe damama ~i’ratare?
-
Claro que ela é real. Ela foi prometida a Humanidade. Quem crê a
verá e quem a ver nela viverá. Ela existe numa dimensão especial
dentro da imensidão destes sertões. Ande filha, vá se lavar, pois
temos que ir, o sol não tarda a nascer.
A
Srta Zhang deu o peito a Pery Quiang e comeu um pedaço de pamonha
quando terminou fez sinal para o Sábio Tupyguaçu que estava pronta
para partir. O Sábio ajudou-a a arrumar as mochilas e comentou:
-
Colocou os pentes da pistola no bolsão da perna esquerda?
-
Sim, sim. Respondeu a moça.
-
Então vamos.
Caminharam
por bem uma hora e saíram das cavernas mais o Sol ainda não
nascera. Andaram um pouco mais e pararam debaixo de frondoso pé de
Guararema.
-
Aqui nos despedimos Zhang. Lembre-se de nossos avisos e orientações
e de vez em quando medite sobre eles. Vá, o dia já está clareando.
Zhang
se despediu com um gesto de mãos, caminhou bem uns cem metros e
olhou para trás, debaixo do pé de Guararema a imagem do Sábio
Tupyguaçu se esvanecia na própria neblina ambiente.
A
claridade da manhã permitia que Zhang caminhasse com segurança pois
já conhecia as árvores que eram marcos indicativos da rota rumo aos
cerrados e após alguns minutos avistou a copa de frondoso pé de Ypê
amarelo que indicava a localização de uma clareira.
-
Humm. A clareira já está perto mais não vou nem parar para
descansar quero chegar na aldeia ainda na parte da manhã.
Raciocinava Zhang.
Caminhou
mais alguns minutos e perto da clareira sentiu presença humana.
-
Por esta não esperava. Gente por aquí?
Empunhando
sua Glock 40 foi se aproximando da clareira mais foi
surpreendida por um grito:
-
É uma índia e e bem bonitinha!
-
Não se meta nesta parada idiota. Eu a ví primeiro.
Era
um grupo de seis garimpeiros que ao ouvirem os estálidos de galhos e
folhas secas causados pelo caminhar de Zhang se esconderam nas
moitas.
Ao
pressentir o que poderia lhe acontecer Zhang não pensou duas vezes,
efetuou vários disparos na direção do grupo que também efetuou
vários disparos em sua direção que lesta retornou pela trilha em
direção as cavernas.
Surpreendidos
pela ação da moça os garimpeiros não sabiam se socorriam os
feridos ou sairiam em perseguição de Zhang.
-
Vou matar aquela bugre desgraçada, acertou minha perna! Gritava um
se contorcendo em dores.
-
Calma imbecil. Ela acertou o Pai também. Seus lerdos vão atrás
dela e não me voltem sem ela.
Dois
garimpeiros saíram no encalço da moça e ela já nos contrafortes
das cavernas tratou de se livrar da mochila das costas. Pery Quiang
sem entender o que se passava, choramingava.
-
Calma filho. Tudo vai dar certo.
Rapidamente
escondeu a mochila atrás de umas pedras e se foi rumo ao norte.
-
Veja ela está indo na direção norte. Falou um dos perseguidores.
-
Se ela não se livrar da mochila nós a pegaremos logo, logo.
-
É mais ela atira bem seu imbecil.
No
ponto onde a floresta terminava e o cerrado começava um grupo de um
Batalhão da Selva fazia a refeição matinal.
-
Eu acho que escutei disparos. Disse um soldado.
-
É a sua primeira patrulha? Indagou um outro.
-
Sim. É a minha primeira vez.
-
A primeira vez é sempre assim. A gente vê Boitatá, Curupira e até
índio louro, debochou o outro soldado e a risada foi geral.
Mais
o som de novos disparos ao longe fez com que o grupo ficasse em
silêncio.
Um
oficial se aproximou e um sargento falou:
-
Tenente os disparos são de pistolas e fuzis.
-
Isto significa que está havendo confronto entre garimpeiros e
encontramos a rota usada por eles.
Como
o Cel comandante do grupo se aproximava os dois foram ao seu
encontro.
-
O que é que está acontecendo?
-
Comandante, ouvimos disparos vindos do oeste nos contrafortes
daquelas montanhas e do noroeste. Possivelmente está ocorrendo
confrontos entre garimpeiros talvez pelo domínio da rota.
-
Vamos agir rápido. O sargento reúna homens e vasculhe a região
noroeste e o Aspirante comande um pelotão e vasculhe a região oeste
mais coloque um sargento ou cabo com experiência para ajudá-lo. É
a primeira ação dele na selva. O resto dos homens ficam aqui em
alerta.
-
Escutem, novos disparos estão sendo feitos na direção noroeste.
No
meio da mata a perseguição continuava e de quando em quando o
trocar de tiros quebrava o silêncio da floresta.
-
Se sua munição acabou é melhor deixar seu fuzil aqui, quando
voltarmos nós o apanhamos. Tem recarga para a pistola?
-
Não, śo tenho a munição que está no pente.
-
Droga e eu só tenho um pente de reposição.
-
Está preocupado? A munição dela também deve estar acabando. Acho
que ela usou uns dois ou três pentes.
-
Idiota. E se ela tiver mais pentes? Como é que vamos pegá-la? Ela
não é burra quase te acertou umas duas vezes.
-
Vamos, vamos ou ela aumenta a distância que nos separa.
Lá
na frente Zhang já demonstrava sinais de cansaço ainda mais que;
estava cheia de arranhões e o peso de Pery Quiang atrapalhava em
muito seu caminhar naquele emaranhado de moitas, galhos e cipós e
ela estava consciente de que a distância entre ela e seus
perseguidores estava diminuindo. Tomou um gole de água do cantil e
andando aos trancos avaliava a sua situação.
-
Ainda tenho dois pentes, um facão e uma faca escoteira. Se a munição
deles acabar não me pegarão com facilidade. Ah! Meu Deus. Só quero
forças para lutar.
Neste
ponto a transmissão foi interrompida porque o comandante interino da
NVBR-05 interviu para dar explicações.
-
Cmte Jotha este é ponto da transmissão quando entramos em contato
mais a sonda telexiônica está acompanhando a Srta Zhang.
-
Então continue a transmissão.
Os
sinais de cansaço eram demonstrados pelos tropeções que Zhang dava
de vez em quando mais ao passar entre uns pés de Araçá parou e
parecia falar com alguém.
-
Não dá para captar mais alto o som do ambiente?
-
Estamos tentando Cmte Jotha. Só um momento.
-
Para que o caso não se repita, mantenha os padrões de gravação
altos.
-
TC Comandante.
Depois
dos acertos, a transmissão reiniciou do ponto em que Zhang se
aproximava dos pés de Araçá.
-
Ei! Zhang venha até aqui.
-
Quem são vocês?
-
Somos seus amigos os Cariús, os índios louros. Não se lembra de
nós? Você não pode nos ver porque o Sol já está alto. Você está
indo muito para o oeste e se afastando da aldeia. Siga aquele bando
de macacos, eles vão para o cerrado colher Cajuís lá você será
encontrada pelos índios da aldeia. Ande logo pois vamos açular uma
manada de queixadas contra os garimpeiros.
Zhang
agora mais confiante reuniu suas forças e seguiu o bando de macacos
que rumavam para o Este.
Na
clareira, surpreendidos pelos militares os garimpeiros não
ofereceram resistência.
-
Veja Aspirante estes sacos de couro estão cheios de diamantes e
algumas esmeraldas.
-
Comunique ao Cel que efetuamos prisões e apreendemos materiais. Peça
a ele que solicite o apoio da Aeronáutica para transportar os dois
feridos depois vamos interrogar os garimpeiros.
Padiolas
de arrasto foram improvisadas e quando o Aspirante e o Sargento iam
interrogar os garimpeiros soldados que vasculhavam os arredores
gritaram.
-
Achamos cápsulas de balas, um pente de munição e uma blusa de
criança.
-
Mais o que é isso?
Os
objetos foram colocados no chão para surpresa geral.
-
Afinal, o que houve por aqui? Indagou o Aspirante olhando firme para
o velho garimpeiro?
-
Era uma índia Aspirante. Carregava uma mochila nas costas e outra no
peito onde levava uma criança. Ao sentir que os rapazes iam pegá-la
ela descarregou a pistola em nós e fugiu mais os rapazes foram atrás
dela e mais cedo ou tarde irão pegá-la.
-
Aspirante é muito difícil
acreditar nesta história de índia porque este pente e estas
cápsulas são de uma Glock
40 e
ela é uma pistola muito pesada para uma mulher manusear.
****
O olho que dizem que tudo vê, olha o Mundo e não me enxerga
pois no Ontem não era, no Hoje não é e no Amanhã nunca será. No
entanto Eu olho o Mundo e o olho que dizem que tudo vê: Eu o vejo e
o enxergo pois no Ontem Eu era, no Hoje Eu sou e no Amanhã sempre
serei porquê na Eternidade das Eternidades, Sou Um de D*E*U*S*.
****
Eu vim, vi e venci e nem “eles” me viram nem tu me
viste.
****
Um abraço a todos, até o próximo artigo e Inté.
****
Independência ou Sorte. O Aedo do Sertão
**** Fim.
**** Fim.