sexta-feira, 15 de março de 2013

O projeto Unix I - I

Estava na Sala de Comando conversando com o Físico e Engenheiro Brig. Perzini a respeito da Ciência Oaieme e seus Sistemas e fiquei admirado com a visão que ele tinha sobre o mesmo.
- Cmte Jotha, não tenho tempo disponível para este tipo de pesquisa mais estou convicto que a Física pode empregar os Sistemas de pesquisa da Ciência Oaieme em proveito próprio.
- Como assim? Não entendo de Física a não ser o trivial e não sei como a Ciência Oaieme vai lidar com números, fórmulas e equações.
Alguém da sua equipe assomou a entrada da Sala de Comando e ele deu a entender que precisava resolver a alguma urgência de suas ocupações.
- Pode ir Brig Perzini mais o acompanho até seu departamento para que possa me dar explicações a respeito da associação Ciência Oaieme e Física.
Enquanto caminhávamos pelos corredores da nave, ele continuou a dar suas explicações:
- Cmte Jotha, a Física não é só números, equações e fórmulas. Ela também é teorias, hipóteses, deduções, ensaios e outras atividades das Inteligências Múltiplas que no momento não me vem a mente. Tudo isto pode ser analisado pelos sistemas da Ciência Oaieme.
- Sinceramente Brig Perzini nunca me passou pela mente este raciocínio. Realmente estou surpreso com a possibilidade do emprego da Ciência Oaieme na área da Física.
O Departamento de Física da nave era bem equipado e amplo. Em espécies de quadros negros esquisitas equações estavam inscritas e em espaçosas mesas oficiais e praças estavam atentos as suas tarefas.
Numa tela tridimensional apareceu um oficial de comunicações:
- Atenção, atenção Departamento de Física. Contato em um minuto.
- Cmte Jotha, o senhor vai conhecer um cientista muito interessante. Talvez a proposta de sua equipe seja homologada pelo Sistema. Ele e sua equipe trabalham na Molécula 04- Niger na Africa Sub Saariana. Ele e sua equipe desenvolvem pesquisas na área da bacteriologia. São pioneiros na pesquisa que envolvem a bactéria Magnetospirillum magneticum. Eles apresentaram um interessante projeto de resgate da Unix I. Pessoalmente torço por eles.
Contato realizado a imagem do cientista africano apareceu no centro da Tela.
- Bom dia Brig Perzinini ainda não me acostumei com o Uvvê de vocês.
- Não é Uvvê Tahir é A´Úvvê’!A´Úvvê!
- Então A’Úvvê! A’Úvvê para todos.
- Cmte Jotha este é Thair Boateng um de nossos expoentes em Física e Química.
- Olá Thair é um prazer conhecê-lo.
- O prazer é todo meu Cmte. Por pouco não nos conhecemos na Molécula 01 – Canudos.
Ia continuar o diálogo mais Dhoren entrou no recinto já falando:
- Cmte Jotha venha depressa a Sala de Comando a Srta Zhang se meteu em tremenda confusão na selva.
-Thair me desculpe mais tenho prioridades.
- TC. Comandante. Até mais ver.
Ao chegar a Sala de Comando a transmissão já estava efetivada e o oficial interino responsável pela NVBR-05 me aguardava. Sentei na cadeira de Comando e ele foi explicando:
- Cmte Jotha Srta. Zhang deixou a aldeia do Reino dos Tupyguaçus as dezoito horas de ontem e ainda não chegou a aldeia por que está sendo perseguida por garimpeiros que se defrontaram com ela quando ela deixou as cavernas de acesso ao Reino.
Considerando a hipótese de que vão encontrá-la, estão a uns trinta minutos de distância da moça.
- Pedi uma opinião aos Tupyguaçus através da sonda telexiônica mais eles simplesmente disseram para que não intervisse nas ações da moça. Por isso peço orientação superior.
- Tem a gravação do ocorrido?
- Sim comandante.
- Então aguarde na tela e espere para retransmitir as ações. Oficial de comunicação por favor entre em contato com o Dr. Roberto onde ele estiver.
Não demorou muito e a imagem do Dr.Roberto apareceu em outra tela.
- A’Úvvê Cmte Jotha. Alguma reunião especial?
- Não Dr. Roberto. Pelo visto está em trânsito.
- Sim. Estou chegando da Ásia.
- Dr. Roberto o problema é que a Srta. Zhang saiu do Reino dos Tupyguaçus ontem pela tardinha e ainda não chegou na aldeia. O Dr. Celso e Sheylla estão na aldeia?
- Sim desde ontem pela manhã.
- Então comunique a eles para entrarem em sintonia com NVBR 05 para receberem orientações. Uma sonda telexiônica irá para a aldeia.
- TC Cmte Jotha. Mais alguma coisa?
- Não Dr. Roberto.
- Entrarei em contato ao chegar na Molécula. Inté.
- Inté Doutor.
- Cmte a transmissão está no ponto posso iniciar?
Fiz um sinal de sim para o oficial de comunicações fui sentar em uma das cadeiras de Comando.
A transmissão começou quando no centro da aldeia do Reino dos Tupyguaçus a Srta Zhang se despedia dos etéreos Morubixabas e a Lua no alto do céu iluminava a incrível cena. A moça foi abençoada por todos e cada um lhe transmitiu uma mensagem pessoal e específica. A seu lado, Pery Quiang seu filho estava quieto mais sorria e dava adeusinhos para os Sábios de nossa Ancestralidade indígena.
O Tupyguaçu Guia ajudou a Srta Zhang a ajeitar a criança numa espécie de mochila que estava atada a seu peito, ajustou a mochila das costas e como deram tudo por pronto, partiram.
Andaram em silêncio por muito tempo mais já dentro das cavernas em enorme salão natural quase a saída para o mundo exterior o Tupyguaçu Guia parou e disse:
- Vamos descansar aqui. Dê alguma coisa a criança e se alimente também e procure dormir, quando você acordar então prosseguiremos.
Enquanto a Srta Zhang dava o peito a Pery Quiang comia beiju recheado com mel que ela mesmo havia preparado para a viagem. Saciados, ela aconchegou o menino contra seu corpo e adormeceram.
O Sábio Tupyguaçu a uma certa distância sentou-se e foi cuidar de suas orações.
Lá pelas cinco horas da manhã uma algazarra incrível de papagaios ecoou no interior da caverna e a Srta Zhang acordou.
- Zhang, ali atrás daquela pedra tem água corrente. Se lave e banhe o menino. Depois faça seu desejum aí então partiremos.
- Sabe Morubixaba, vou sentir muita falta de vocês.
- Nós também minha menina. Mais um dia nós estaremos reunidos no mesmo lugar, na Terra onde mal nenhum existe.
- Ela é mesmo real ó ~Ivvihu’upe damama ~i’ratare?
- Claro que ela é real. Ela foi prometida a Humanidade. Quem crê a verá e quem a ver nela viverá. Ela existe numa dimensão especial dentro da imensidão destes sertões. Ande filha, vá se lavar, pois temos que ir, o sol não tarda a nascer.
A Srta Zhang deu o peito a Pery Quiang e comeu um pedaço de pamonha quando terminou fez sinal para o Sábio Tupyguaçu que estava pronta para partir. O Sábio ajudou-a a arrumar as mochilas e comentou:
- Colocou os pentes da pistola no bolsão da perna esquerda?
- Sim, sim. Respondeu a moça.
- Então vamos.
Caminharam por bem uma hora e saíram das cavernas mais o Sol ainda não nascera. Andaram um pouco mais e pararam debaixo de frondoso pé de Guararema.
- Aqui nos despedimos Zhang. Lembre-se de nossos avisos e orientações e de vez em quando medite sobre eles. Vá, o dia já está clareando.
Zhang se despediu com um gesto de mãos, caminhou bem uns cem metros e olhou para trás, debaixo do pé de Guararema a imagem do Sábio Tupyguaçu se esvanecia na própria neblina ambiente.
A claridade da manhã permitia que Zhang caminhasse com segurança pois já conhecia as árvores que eram marcos indicativos da rota rumo aos cerrados e após alguns minutos avistou a copa de frondoso pé de Ypê amarelo que indicava a localização de uma clareira.
- Humm. A clareira já está perto mais não vou nem parar para descansar quero chegar na aldeia ainda na parte da manhã. Raciocinava Zhang.
Caminhou mais alguns minutos e perto da clareira sentiu presença humana.
- Por esta não esperava. Gente por aquí?
Empunhando sua Glock 40 foi se aproximando da clareira mais foi surpreendida por um grito:
- É uma índia e e bem bonitinha!
- Não se meta nesta parada idiota. Eu a ví primeiro.
Era um grupo de seis garimpeiros que ao ouvirem os estálidos de galhos e folhas secas causados pelo caminhar de Zhang se esconderam nas moitas.
Ao pressentir o que poderia lhe acontecer Zhang não pensou duas vezes, efetuou vários disparos na direção do grupo que também efetuou vários disparos em sua direção que lesta retornou pela trilha em direção as cavernas.
Surpreendidos pela ação da moça os garimpeiros não sabiam se socorriam os feridos ou sairiam em perseguição de Zhang.
- Vou matar aquela bugre desgraçada, acertou minha perna! Gritava um se contorcendo em dores.
- Calma imbecil. Ela acertou o Pai também. Seus lerdos vão atrás dela e não me voltem sem ela.
Dois garimpeiros saíram no encalço da moça e ela já nos contrafortes das cavernas tratou de se livrar da mochila das costas. Pery Quiang sem entender o que se passava, choramingava.
- Calma filho. Tudo vai dar certo.
Rapidamente escondeu a mochila atrás de umas pedras e se foi rumo ao norte.
- Veja ela está indo na direção norte. Falou um dos perseguidores.
- Se ela não se livrar da mochila nós a pegaremos logo, logo.
- É mais ela atira bem seu imbecil.
No ponto onde a floresta terminava e o cerrado começava um grupo de um Batalhão da Selva fazia a refeição matinal.
- Eu acho que escutei disparos. Disse um soldado.
- É a sua primeira patrulha? Indagou um outro.
- Sim. É a minha primeira vez.
- A primeira vez é sempre assim. A gente vê Boitatá, Curupira e até índio louro, debochou o outro soldado e a risada foi geral.
Mais o som de novos disparos ao longe fez com que o grupo ficasse em silêncio.
Um oficial se aproximou e um sargento falou:
- Tenente os disparos são de pistolas e fuzis.
- Isto significa que está havendo confronto entre garimpeiros e encontramos a rota usada por eles.
Como o Cel comandante do grupo se aproximava os dois foram ao seu encontro.
- O que é que está acontecendo?
- Comandante, ouvimos disparos vindos do oeste nos contrafortes daquelas montanhas e do noroeste. Possivelmente está ocorrendo confrontos entre garimpeiros talvez pelo domínio da rota.
- Vamos agir rápido. O sargento reúna homens e vasculhe a região noroeste e o Aspirante comande um pelotão e vasculhe a região oeste mais coloque um sargento ou cabo com experiência para ajudá-lo. É a primeira ação dele na selva. O resto dos homens ficam aqui em alerta.
- Escutem, novos disparos estão sendo feitos na direção noroeste.
No meio da mata a perseguição continuava e de quando em quando o trocar de tiros quebrava o silêncio da floresta.
- Se sua munição acabou é melhor deixar seu fuzil aqui, quando voltarmos nós o apanhamos. Tem recarga para a pistola?
- Não, śo tenho a munição que está no pente.
- Droga e eu só tenho um pente de reposição.
- Está preocupado? A munição dela também deve estar acabando. Acho que ela usou uns dois ou três pentes.
- Idiota. E se ela tiver mais pentes? Como é que vamos pegá-la? Ela não é burra quase te acertou umas duas vezes.
- Vamos, vamos ou ela aumenta a distância que nos separa.
Lá na frente Zhang já demonstrava sinais de cansaço ainda mais que; estava cheia de arranhões e o peso de Pery Quiang atrapalhava em muito seu caminhar naquele emaranhado de moitas, galhos e cipós e ela estava consciente de que a distância entre ela e seus perseguidores estava diminuindo. Tomou um gole de água do cantil e andando aos trancos avaliava a sua situação.
- Ainda tenho dois pentes, um facão e uma faca escoteira. Se a munição deles acabar não me pegarão com facilidade. Ah! Meu Deus. Só quero forças para lutar.
Neste ponto a transmissão foi interrompida porque o comandante interino da NVBR-05 interviu para dar explicações.
- Cmte Jotha este é ponto da transmissão quando entramos em contato mais a sonda telexiônica está acompanhando a Srta Zhang.
- Então continue a transmissão.
Os sinais de cansaço eram demonstrados pelos tropeções que Zhang dava de vez em quando mais ao passar entre uns pés de Araçá parou e parecia falar com alguém.
- Não dá para captar mais alto o som do ambiente?
- Estamos tentando Cmte Jotha. Só um momento.
- Para que o caso não se repita, mantenha os padrões de gravação altos.
- TC Comandante.
Depois dos acertos, a transmissão reiniciou do ponto em que Zhang se aproximava dos pés de Araçá.
- Ei! Zhang venha até aqui.
- Quem são vocês?
- Somos seus amigos os Cariús, os índios louros. Não se lembra de nós? Você não pode nos ver porque o Sol já está alto. Você está indo muito para o oeste e se afastando da aldeia. Siga aquele bando de macacos, eles vão para o cerrado colher Cajuís lá você será encontrada pelos índios da aldeia. Ande logo pois vamos açular uma manada de queixadas contra os garimpeiros.
Zhang agora mais confiante reuniu suas forças e seguiu o bando de macacos que rumavam para o Este.
Na clareira, surpreendidos pelos militares os garimpeiros não ofereceram resistência.
- Veja Aspirante estes sacos de couro estão cheios de diamantes e algumas esmeraldas.
- Comunique ao Cel que efetuamos prisões e apreendemos materiais. Peça a ele que solicite o apoio da Aeronáutica para transportar os dois feridos depois vamos interrogar os garimpeiros.
Padiolas de arrasto foram improvisadas e quando o Aspirante e o Sargento iam interrogar os garimpeiros soldados que vasculhavam os arredores gritaram.
- Achamos cápsulas de balas, um pente de munição e uma blusa de criança.
- Mais o que é isso?
Os objetos foram colocados no chão para surpresa geral.
- Afinal, o que houve por aqui? Indagou o Aspirante olhando firme para o velho garimpeiro?
- Era uma índia Aspirante. Carregava uma mochila nas costas e outra no peito onde levava uma criança. Ao sentir que os rapazes iam pegá-la ela descarregou a pistola em nós e fugiu mais os rapazes foram atrás dela e mais cedo ou tarde irão pegá-la.
- Aspirante é muito difícil acreditar nesta história de índia porque este pente e estas cápsulas são de uma Glock 40 e ela é uma pistola muito pesada para uma mulher manusear.
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**** O olho que dizem que tudo vê, olha o Mundo e não me enxerga pois no Ontem não era, no Hoje não é e no Amanhã nunca será. No entanto Eu olho o Mundo e o olho que dizem que tudo vê: Eu o vejo e o enxergo pois no Ontem Eu era, no Hoje Eu sou e no Amanhã sempre serei porquê na Eternidade das Eternidades, Sou Um de D*E*U*S*.

**** Eu vim, vi e venci e nem “eles” me viram nem tu me viste.
**** Um abraço a todos, até o próximo artigo e Inté.
**** Independência ou Sorte. O Aedo do Sertão

**** Fim.