Amelinha
era uma moça trigueira de lindos olhos azuis fruto do cruzamento
genético de suíços e caboclos lá pelas bandas da Serra do Tardem,
norte do Estado do Rio de Janeiro. Após se cumprimentarem Luiz
Carlos deu uma rápida descrição do Condomínio com suas modernas
instalações mais o que chamou a atenção de Ary foi o supermercado
com seu movimento fora do comum.
-
Este supermercado faz parte do Condomínio?
-
Claro. Nele vendemos toda a produção excedente das Moléculas.
Tanto das nacionais como internacionais.
-
Essa não! Vocês são tão espiritualistas e filosóficos mais não
esqueceram do lado material da vida principalmente no que diga
respeito a lucros.
-
Nem poderia meu caro Ary. Tudo tem que estar matematicamente
entrelaçado pelas nossas ações do dia a dia.
Antes
de entrar no elevador, Ary ainda deu uma rápida olhada nas
dependências circunvizinhas do Condomínio e exclamou:
-
Quando eu contar Clarisse sobre o que vi aqui ela não vai acreditar.
Isto aqui é uma resposta aos seus sonhos de desenvolvimento social.
Clarisse
era uma funcionária do estado na área de Políticas Públicas e
Desenvolvimento Social.
O
apartamento do casal era de quarto e sala, copa e cozinha e uma
pequena varanda. Os cômodos eram pequenos mais muito bem
apetrechados.
-
Puxa! Vocês moram muito bem. Que ambiente agradável. Exclamou Ary.
Enquanto
Amelinha ia cuidar de um lanche na cozinha Luiz Carlos ajeitou duas
cadeiras em frente ao computador e indicou uma para que Ary sentasse.
O computador foi ligado e imediatamente Luiz Carlos acessou o site da
incrível Ciência.
Enquanto
lanchava, Ary lia e relia alguns resultados e análises que sofriam
comentários explicativos de Luiz Carlos. Sério e com a voz em tom
grave falou:
-
São sete horas da noite. Está na hora de ir para casa. Realmente
estou surpreso com o conteúdo da
Ciência e
seus Sistemas e Clarisse vai pular de alegria em saber que alguém
como ela defende a existência do Idioma Brasileiro Livre.
-
Espere um instante Ary, veja este vídeo de quatro minutos sobre a
Molécula 01 – Canudos. Depois levo você para casa.
Ary
assistiu ao vídeo comedido e sério e ao seu termino comentou.
-
Realmente inacreditável, parece um mundo virtual.
-
E já no carro indagou:
-
Como foi que você ingressou neste vamos dizer, Mundo Molecular?
-
Foi através do Orlando um rapaz nosso vizinho na casa de cômodos.
Um dia conversávamos sentados em um banco da pracinha esperando a
nossa vez de jogar futsal e não sei como a dificuldade da vida veio
a ser o assunto. Fiz minhas queixas e reclamações e ele escutou a
tudo calado. Quando terminei, pensei que ele ia expor as suas
ponderações mais simplesmente falou:
-
Luiz Carlos no final do mês vou embora. Quando chegarmos a casa vou
lhe dar um documento e você deve ler ele com seriedade. E
depois de ter uma ideia
formada a respeito de seu conteúdo e se quiser mudar de vida, me
procure. Ele contem meu endereço e telefone.
Quando
voltamos ele me deu o documento e me advertiu:
-
Não brinque, isto é coisa muito séria. Porém você tem o direito
de não concordar com ele.
O
documento eram quatro folhas de papel encadernadas
numa pasta de plástico transparente e na primeira folha estava
escrito OS PROTOCOLOS DO 4° PODER.
Depois
da janta li e reli umas quatro vezes e dei o documento para Amelinha
ler. Ela leu e comentou:
-
Isto parece coisa de maçom.
-
Não é não Amelinha. Tem coisas ai no documento com as quais eles
jamais concordariam.
-
Não sou do contra mais pense bem no que vai fazer.
Orlando
foi embora e nunca mais toquei no assunto Protocolos com Amelinha. Um
dia, porém, meses depois, na Praia de Ipanema apreciava a
movimentação de banhistas sentado a seu lado na toalha quando
percebi que seu olhar estava perdido no horizonte, preocupado
indaguei:
-
O que houve Amelinha?
-
Estava pensando como seria o mundo se as pessoas seguissem os
preceitos dos Protocolos, principalmente nós os brasileiros.
-
Oh! Minha flor de manacá que susto você me deu.
-
Porque você não procura o Orlando para sabermos mais a respeito dos
Protocolos? Se existe os Protocolos, existem as pessoas que fizeram
os Protocolos e como elas existem, são um grupo organizado e em
sendo assim eles estão juntos objetivando algo a alcançar só nos
resta saber se esta coisa é boa para nós ou ruim.
-
Quando chegarmos em casa vou telefonar para ele, seu endereço e
telefone estão nos documentos.
Telefonei
para ele e ele me atendeu alegremente e como no meio da semana
seguinte havia um feriado nos convidou para almoçar com ele. No
feriado conforme o combinado fomos ao seu encontro. O endereço era
num bairro da periferia; uma casa grande com um enorme quintal aonde
pessoas iam e vinham com bolsas de compras e carrinhos era o nosso
destino.
Entramos
e uma jovem nos recebeu entre sorrisos;
-
Novos aqui ou estão à procura de alguém?
-
Sim viemos a convite do Orlando.
-
Vocês são a Amelinha e o Luiz Carlos?
-
Sim, somos.
-
Então me acompanhem ele está nos escritórios.
O
escritório ocupava uma das dependências do andar de cima da casa
que como no quintal havia grande movimentação de pessoas. Orlando
nos recebeu, mandou que nos acomodassem em um sofá e deu ordens a
moça para não ser importunado, pois durante meia hora não
receberia ninguém.
Assim
que a moça saiu ele foi direto ao assunto:
-
Para vocês virem até aqui é um sinal de que os Protocolos de
alguma maneira interessou a vocês. Antes que vocês perguntem vou
explicar o porquê dos Protocolos e toda esta movimentação que aqui
acontece.
Eu
e mais sete pessoas somos os responsáveis por esta comunidade. Somos
uma espécie de cooperativa de auxilio mutuo e compra de alimentos e
bens domésticos. Pertencíamos a uma entidade esotérica de grande
porte e ramificada no mundo inteiro e apesar de diferença nos graus
hierárquicos muita coisa de regras e normas resolvemos não mais
aceitar e decidimos formar um grupo independente e esta cooperativa
foi o nosso primeiro ato concreto
Só
que, no momento, funcionamos em termos informais e isto nos impede de
rumarmos em novas direções. No entanto, um de nossos membros
diretores nos trouxe um documento cujo teor é regras de conduta
pessoal, Os Protocolos do 4º Poder. Ele foi apresentado em uma de
nossas reuniões e como achamos seu teor muito interessante
resolvemos saber de sua origem e descobrimos que eles fazem parte da
cultura filosófica dos povos que habitam as cidades estado
moleculares.
Como
tais cidades são questionadas pela sociedade em geral decidimos
enviar dois membros para saber como estes povos vivem e se realmente
os Protocolos eram usados. Nossos membros viajaram com a intenção
de despenderem dois ou três dias na visita mais já haviam se
passado uma semana e quando nós ligávamos para seus celulares ou
eles diziam que iam visitar isto ou aquilo ou assistir algum evento
no dia seguinte. As famílias estavam inconformadas e nós muito
aborrecidos com o transtorno.
Quando
voltaram trouxeram muitas prendas e não se cansavam de falar nas
maravilhas que viram lá. Em uma nossa reunião especifica já livres
das emoções da visita sobre tudo que viram e sentiram nos
apresentaram uma proposta da Molécula 01 – Canudos. Eles nos
ajudariam mais teríamos que compartilhar de sua filosofia de vida
estudando e seguindo os embasamentos de sua cultura mais teríamos a
nossa independência de ação só que todos os membros de nossa
instituição teriam que realizar a sua Auto Análise através Da
Ciência Oaieme.
A
referida Auto Analise depois de pronta seria apresentada a um
Conselho de Membros escolhidos pelo próprio autor que não poderiam
recusar o convite.
Os
embasamentos culturais das Moléculas são o Idioma
Brasileiro Livre, a Ciência Oaieme e suas Doutrinas e os Protocolos
do 4° Poder.
Este
grande galpão aí do lado da casa foi adquirido pelo Conselho das
Moléculas para nele desenvolvermos nossos trabalhos e darmos os
primeiros passos, pois dentro de alguns dias teremos em nossas mãos
toda a documentação da fundação do nosso Centro de Estudos que
vai gerenciar todas as nossas atividades. Há lugar para vocês, não
vivam sozinhos.
O
almoço foi prazeroso e a partir daquele dia eu e Amelinha começamos
a viver uma nova vida. Quando a aposentadoria chegar terei direito a
ir descansar sob a égide das Moléculas em algum balneário para
aposentados.
A
noite já havia caído quando os dois chegaram à portaria do
edifício onde
Ary morava.
Os dois saltaram e quando iam se despedir o filho de Ary gritou da
janela do quarto andar.
-
Pai, você viu?
Uma
estrela cadente riscou o céu rumo norte sul.
Enquanto
Clarisse acenava com as mãos para os dois e Luiz Carlos entrava no
carro e quando já ia partindo Ary pela janela falou.
- Mano,
se Aldous Huxley visitasse as Moléculas ia morrer de inveja por não
ter participado da confecção do projeto deste ADMIRAVEL MUNDO NOVO.
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O olho que dizem que tudo vê, olha o Mundo e não me enxerga
pois no Ontem não era, no Hoje não é e no Amanhã nunca será. No
entanto Eu olho o Mundo e o olho que dizem que tudo vê: Eu o vejo e
o enxergo pois no Ontem Eu era, no Hoje Eu sou e no Amanhã sempre
serei porquê na Eternidade das Eternidades, Sou Um de D*E*U*S*.
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Eu vim, vi e venci e nem “eles” me viram nem tu me
viste.
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Um abraço a todos, até o próximo artigo e Inté.
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Independência ou Sorte. O Aedo do Sertão
**** Fim.
**** Fim.
Dúvidas?
Questionamentos? Contate jdaedo@gmail.com