Acordei lá pelas sete horas e tomei apenas uma xícara de café e fui sentar na velha cadeira de ferro no canto da varanda. Já era dia claro e o vizinho varria seu quintal enquanto resmungava palavrões, pois discutia com a mulher. Como não me via, assobiei em direção a NVBR-01. Dhoren apareceu em uma das janelas e eu indaguei das possíveis novidades. Ele me respondeu que havia e fez sinal para que eu fosse para o PC. Entrei e de ante dos monitores sentei-me em uma poltrona. Imediatamente Dhoren apareceu na micro bolha por cima do PC e explicou:
-
Cmte temos um pequeno relatório que pode ser verbal. O Cmte Rudron
já retornou com sua equipe em uma Nave Mãe tipo Aiem 01 que possui
quatro tripulações e quatro naves escoteiras e já está na Serra do Roncador se preparando para substituir a equipe do Cmte Berhu que
também terá uma licença de duas semanas para descansar em seu
mundo com sua tripulação. A equipe do planeta Alphan organizada por
Artentius já está trabalhando nas transferências de dados
coletados pela equipe do Dr. Rubens e os golfinhos estão tranquilos
na Terra do sem Começo e sem Fim mais ansiosos por se livrarem dos
equipamentos. Quanto à instalação da Viva Voz no Sistema da NVBR
-01 vai demandar mais algum tempo, pois dependemos de novos cálculos
para sua implantação e quem está trabalhando nisto é o Cmte Aulax
e Theu.
-
Dhoren a erupção do vulcão Puyehue no Chile não afetou o Mundo do
Cmte Rudron?
-
Não Cmte, pois eles existem em dimensões diferentes. Eu também
estava preocupado com o fato mais fiquei tranquilo quando o Cmte
Rudron retornou e explicou como tudo aconteceu e por que aconteceu.
-Presumo
que as causas são humanas. Pois não?
-
Sim Cmte. São de origem metafísica, ou seja; motivadas pelas
práticas predatórias dos terráqueos em relação ao planeta e isto
provoca o desequilíbrio em todos os sentidos. Quer fazer alguma
consideração a respeito Cmte?
-
Não Dhoren. Temos muito que fazer. A que horas começa a
transmissão?
-
Daqui a pouco Cmte. Exatamente as nove. Como falta pouco tempo vou
manter a bolha ativa no recinto.
-
Está bem. Vou tomar um café enquanto aguardamos.
Exatamente
as nove a transmissão teve inicio. A lua nova iluminava a selva e o
grupo já se deslocava pela mata tendo o Pagé a frente. Em silêncio
saíram da aldeia, atravessaram um pouco de mata e entraram na área
de gigantesco cerrado e caminharam por mais ou menos umas duas horas.
A um sinal do Pagé pararam e ele falou.
-
Vamos descansar um pouco e comer alguma coisa.
-
Todos se acomodaram no chão e uma das cunhãs Hacany Penevve
estendeu uma grossa toalha de algodão no chão e nela colocou o
farnel.
-
Sirva-se moça ou não aprecia a comida de índio? Não sente fome?
Temos alguma coisa de branco nos caçoás.
A
resposta da Srta. Zhang foi um sorriso enquanto pegava um tambaqui
assado.
-
Muito bem, muito bem. Coma mesmo por que temos uma longa caminhada a
fazer.
Alguns
guarás sentindo o cheiro de comida se aproximaram do grupo e seus
olhos cor de topázio faiscando por entre as moitas causaram
admiração a Srta. Zhang.
-
Caramba como os olhos deles são bonitos!
-
Eles são muito ariscos mais não estranham os seres humanos, falou o
Pagé enquanto jogava um naco de tambaqui para dentro da moita.
Terminado
o lanche, o grupo se pôs em marcha como sempre em silêncio. Em dado
momento, porém a Srta. Zhang fez sinal para pararem e começou a
vomitar.
-Tirem
a mochila dela, ordenou o Pagé.
Uma
das cunhãs Maria Penevve retirou a mochila da Srta. Zhang e a outra
entrou no mato e de lá trouxe folhas que esfregou nas mãos da
gestante e mandou que ela cheirasse. Passado alguns minutos estava
refeita e disse que já estava bem.
-
Isso não é nada moça. É o nenê que está ativo na sua barriga.
Quando eles se mexem demais causam enjoo na gente, explicou a cunhã
Maria Penevve.
O
grupo retomou a caminhada e quando o clarão do dia começou a tudo
iluminar eles se encontravam na divisa do cerrado com a selva que
dava para os contrafortes de uma montanha.
-
Vamos descansar aqui, falou o Pagé. Já estamos perto da entrada
mais não podemos demorar.
O
farnel foi arrumado na grossa toalha de algodão e todos comeram com
apetite.
-
Esse pedaço de carne que comi é de que bicho Maria? Indagou a Srta.
Zhang.
-
É de costela de macaco. Mais não vai vomitar por causa disso vai?
-
Claro que não. Eu queria mais um pedacinho, ainda tem?
-
Ah!Ah!Ah! Riu o Pagé. Seu nenê tem apetite de índio.
Todos
concordaram e riram muito.
-
Vamos, vamos, pois temos de chegar à entrada antes que o Sol esteja
no alto.
O
grupo se pôs em marcha e uma hora depois estavam nos contrafortes da
montanha.
-Paremos
aqui. Ordenou o Pagé.
Em
seguida afastou-se do grupo e começou a gritar: A`.Ùvvê! A`.Ùvvê!
Depois
de algum tempo, do meio da mata veio a resposta:
-
A`.Ùvvê! A`.Ùvvê!
-
Vamos por aqui. Já chegamos.
Quando
o grupo começou a caminhar a transmissão foi interrompida.
-
O Cmte Berhu está informando que a entrada do grupo nas cavernas não
pode ser transmitida. Vou providenciar o aviso para os Conselheiros.
Dentro de meia hora a transmissão será efetivada. Até este momento
foi uma gravação mais daqui a pouco será em tempo real.
Para
evitar ficar impaciente, fui para a cozinha coar um café e ajeitar
alguma coisa para adiantar o almoço. Depois que terminei, tomando o
café na varanda fiquei pensando nas dificuldades enormes que estava
tendo para propagar a
Ciência Oaieme.
Apesar do site está sendo visitado diariamente por internautas
achava que a sua propagação era pouca. Por não ter capital para
fazer sua propaganda é claro que tinha de me contentar com os
resultados obtidos e disso tinha certeza e consciência. O público
alvo; as pessoas ligadas a área de Educação e Cultura tinham que
ser contatadas mais como fazer isso? Estava matutando a respeito
quando Dhoren avisou:
-
A transmissão está iniciando Cmte.
-
Já estou indo Dhoren.
Quando
cheguei à sala a transmissão já tinha iniciado e a cena era essa;
um índio alto e vestido com exótica túnica de algodão conduzia as
moças pelo interior de uma caverna repleta de estalactites e
iluminada por estranha fosforescência. Caminhavam em silêncio e ao
chegarem a um largo salão novamente a transmissão foi interrompida.
-
O Cmte Berhu informa que as moças vão entrar em estado hipnótico
para não se lembrarem da entrada do salão que leva as cavernas que
dá acesso ao Reino dos Tupyguaçus. Isto levará apenas uns cinco
minutos.
-
Ué Dhoren, o Pagé não vai com elas?
-
Não Cmte. Ele entregou as moças e retornou para a aldeia.
Quando
a transmissão reiniciou o grupo estava caminhando por entre enormes
pedras e o forte índio informou;
-
Estamos chegando. Sei que já estão cansadas mais não devemos
parar, pois o ar das cavernas faz a gente ficar cansado.
Novamente
a transmissão foi interrompida e Dhoren avisou:
-
O Cmte Berhu informa que a transmissão só será reiniciada quando o
grupo estiver perto da aldeia. Isso levará mais ou menos meia hora.
Para
não curtir impaciência, fui até a esquina onde fica a barbearia do
Lito uma pessoa agradável, brincalhona entusiasta de meu trabalho.
Aliás, ele é a única pessoa da periferia com quem comento sobre o
site e sobre o blog.
Quando
me viu foi logo perguntando:
-
Como é que é? A chinesa já pariu?
-
Não. Ela só chega ao seu destino lá pelo meio dia.
-
Ah!Ah!Ah! Eu daria um dente para ver a cara dos militares chineses ao
lerem o teu blog.
-
Talvez eles nunca tomem conhecimento do assunto.
-
Não subestime seu trabalho JB. Assuntos medíocres e sem conteúdo
se tornaram coqueluche na internet e o mesmo pode acontecer com o
blog ou com o site. E isto é mera questão de tempo.
Como
chegou fregueses e faltavam alguns minutos para a transmissão me
despedi e voltei para casa sem não antes ouvir uma jocosa
advertência do Lito.
-
Diga as cunhãs para não esquecerem a sutura do umbigo. Qua!Qua!Qua!
Cheguei
em casa e a transmissão já havia começado. O grupo andava por uma
trilha e não demorou se encontraram na área da aldeia.
A
aldeia estava situada bem ao pé do contra forte da montanha a uma
distância de uns duzentos metros de interessante cachoeira. Havia
oito ocas dispostas em circulo e uma maior no centro da aldeia
circundada por um grande varandão. Não havia vestígios de
moradores mais havia muitos animais domésticos; três jericos,
galinhas, perus e uns vaidosos pavões. A um sinal do índio e guia o
grupo foi em direção da Oca central e de lá saíram cinco idosos
índios também vestidos como o índio e guia que entre sorrisos
vieram se encontrar com o grupo.
-
Zhēngqǔ huānyíng wángguó Tupyguaçus
-
Seja benvinda ao Reino dos Tupyguaçus
-Tā!
Nǐ shuō wǒ de yǔyán!
-Ó!
Você fala a minha língua!
-
Wǒmen jiǎng rènhé yīzhǒng yǔyán
-
Nós falamos qualquer língua.
.-
Duō hǎo a!
-
Que formidável!
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O olho que dizem que tudo vê, olha o Mundo e não me enxerga
pois no Ontem não era, no Hoje não é e no Amanhã nunca será. No
entanto Eu olho o Mundo e o olho que dizem que tudo vê: Eu o vejo e
o enxergo pois no Ontem Eu era, no Hoje Eu sou e no Amanhã sempre
serei porquê na Eternidade das Eternidades, Sou Um de D*E*U*S*.
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Eu vim, vi e venci e nem “eles” me viram nem tu me
viste.
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Um abraço a todos, até o próximo artigo e Inté.
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Independência ou Sorte. O Aedo do Sertão
**** Fim.
**** Fim.