sexta-feira, 10 de junho de 2011

No reino encantado I

Enquanto os índios não apareciam a Srta. Zhang e o Santo Piá o Sacy conversavam sobre o futuro dela. A emoção fazia a moça tremer e em dado momento ela entre lágrimas mais olhando firme nos olhos do Santo Piá indagou:
- Lá no Reino Encantado não conheço ninguém como será minha vida? Será que alguém conversará comigo? Você tem que me ajudar Sacy, pois aprendi em confiar em sua pessoa. Sinto que espiritualmente você não pode me abandonar.
- Fique tranquila Tiazinha ainda visitarei você na aldeia antes de partir e em toda Lua Nova, lá no Reino Encantado, estarei com você. Agora tenho que ir os índios estão se aproximando. Até breve e Inté.
- Até breve Sacy. Inté.
A moça enxugou as lágrimas e procurou se ajeitar e começou a arrumar as suas coisas.
Os índios eram três robustos rapazes e o que parecia ser o líder foi logo dando explicações em brasiliano idioma com um pouquinho de sotaque evidentemente indígena.
- Desculpe moça pelo atraso mais nos desviamos da rota. Era para nós chegarmos aqui à noitinha. Mais isto não importa mais, a moça tem fome? Trouxemos alguma coisa da civilização para a moça mais temos beiju, tambaqui, tapioca e mel.
- Ah! Eu quero beiju e mel. Vocês trouxeram água? A minha está terminando.
A um sinal do jovem um índio estendeu uma espécie de toalha de grosso algodão e nela colocou o farnel que retirou de seu cesto, uma espécie de caçoá que levava sobre as costas. Todos sentaram no chão e comeram em silêncio. Quando terminaram o jovem retirou do bolso de sua bermuda um celular e se comunicou com alguém. A moça olhava para ele admirada enquanto ele falava ao celular em sua língua natural;
-”Que coisa esquisita”. Pensava a moça . “ Celular, relógio, bermuda mais está descalço. Não dá para entender”
- Estou avisando a aldeia que a encontramos e já vamos nos por a caminho.
Dizendo isso fez um sinal para que os outros dois desarmassem a pequena tenda e dobrassem o para quedas.
- Como é seu nome moça?
- Zhang, Zhang Kequing. E o seu?
- Antonio Waitá. Mais me diga uma coisa moça. Qual é a sua atividade no mundo civilizado?
- Sou oficial da força aérea chinesa e estava estagiando na Molécula I – Canudos mais descobriram que eu era uma espiã. Como estou grávida e não posso voltar para meu país, pois seria punida pela gravidez, resolveram me mandar para o Reino dos Tupyguaçus.
- Eu sei, eu sei. Será bom para você ir para lá. Como você é militar com certeza se adaptará logo, pois você não irá sozinha. Embora o Reino dos Tupyguaçus até para nós índios seja um mito indecifrável, ele realmente existe.
- E você Waitá qual é a sua ocupação?
- Eu era sargento em um Batalhão de Selva mais como serei o novo Cacique de minha aldeia no final do ano, fui obrigado a dar baixa. Bem, vamos indo, pois temos umas três horas de uma longa caminhada.
O grupo se pôs em marcha e adentrou na selva. Bandos de macacos saltando de galho em galho curiosos, observavam e seguiam o grupo mais de longe. De repente Waitá fez um sinal para que parassem. É que logo a frente numa espécie de clareira uma terrível surucutinga estava posicionada em atitude nada amistosa.
- Abaixem-se e não falem.
Todos acocorados, Waitá começou a emitir estranhos assovios ritmados e imediatamente o ofídio deslizando por entre a folhagem desapareceu na mata.
- Vamos. Ela já se foi.
Em silêncio o grupo continuou sua jornada até chegar a uma gigantesca área de cerrados que se entendia até o horizonte.
- Srta. Zhang quando chegarmos ao fim deste cerrado, atravessaremos mais ou menos meia hora de selva e estaremos na aldeia. É melhor descansarmos aqui e fazer um lanche.
A um sinal seu um dos índios forrou o chão com a tosca toalha e nela colocou todo o farnel.
- Tem queijo e goiabada e chocolate em tabletes.
- Obrigada Waitá mais eu prefiro tambaqui com farinha e depois um pedaço de beiju com mel.
O silêncio e o lanche foram interrompidos por fortes grunhidos, rosnados e arrufos de animais em luta. Todos se levantaram para verem do que se tratava e foram espectadores privilegiados de uma cruenta luta entre uma onça pintada e um tamanduá bandeira. Só depois de muita luta e muito ferida pelas aguçadas unhas do tamanduá, a onça o venceu. Ao pressentir a presença do grupo tratou de levar a sua presa para o interior da mata. No céu urubus e gaviões que presenciaram a cena voavam em círculos na expectativa das sobras. No sol a pino, do meio dia, o grupo acabando de atravessar os cerrados alcançou a mata. Estavam demonstrando um certo cansaço pois caminharam desde o começo em ritmo de marcha batida.
- Estamos perto da aldeia mais vamos descansar um pouco aqui pessoal.
Todos se acomodaram e a Srta. Zhang tratou de estender um cobertor e nele logo adormeceu. Depois de uma hora de reconfortante sono o grupo foi despertado por Waitá e se puseram a caminhar já numa trilha que ia dar na aldeia. Como dissera Waitá o grupo não demorou nem meia hora e já estavam entrando na área da aldeia. Crianças vieram correndo ao encontro do grupo e duas cunhãs muito sorridentes vieram até a Srta. Zhang e lhe tiraram a mochila das costas e de mãos dadas a conduziram para a oca das mulheres. Ali elas em linguagem brasileira lhe mostraram tudo que pertencia à oca e perguntaram se ela gostaria de tomar banho. Ela disse que sim e solícita uma cunhã foi até um canto resguardado por uma espessa cortina e de lá trouxe uma bermuda e uma camiseta e ofereceu a moça dizendo que ela poderia tomar banho no rio, pois elas também iriam. Meio sem jeito entre as moças ao sair da oca, mais ao ser tratado com afeto pela tribo, pois todos a cumprimentavam ao passar, logo se pôs a vontade e no rio feliz da vida se esqueceu de seus problemas nadando e brincando com as cunhãs e os curumins.
Ao voltar, duas índias adultas esperavam a sua chegada sentadas em um toco a entrada da oca. Fazendo um sinal para as cunhãs se afastarem, uma delas indicou o toco para que a Srta. Zhang sentasse ao lado delas. Sentada, a Srta. Zhang escutou dela a explicação que ela iria dormir na oca de eventos da tribo e passaria o dia recolhida sem ter contatos com ninguém e a noite, o Pagé iria preparar ela e as duas cunhas para a viagem. Em seguida as duas se despediram mais disseram que a noitinha viriam buscá-la. Como não tinha nada para fazer a moça ficou ali sentada apreciando as brincadeiras das crianças e o dia a dia da tribo.
A transmissão foi interrompida pela voz do Dhoren:
- Cmte é melhor ir descansar e se alimentar. Tire uma boa soneca, se houver transmissões nós lhe acordamos e como é costume do Santo Piá, Inté.
- Inté Dhoren.
Como não tinha almoçado e estava faminto, fui para a cozinha arrumar o que comer. Como não como carne vermelha e estou enjoado de galinha, preparei umas tirinhas de toucinho de fumeiro carnudo, pimentão e rodelas de cará. Já tinha arrumado o prato e ia me sentar à mesa quando escutei a voz da Mãe:
- João me dá “uma comidinha”.
Essa tal “comidinha” pode ser qualquer coisa contanto que lhe satisfaça o apetite que está sempre ativo e com o qual não me conformo devido a sua avançada idade. Paciente, arrumei duas tirinhas de fumeiro em cima de uma rodela de cará e levei para ela acompanhadas de um copo de suco de cajá. Pensei que ela estava no quarto deitada mais estava sentada na cadeira em frente ao portão vendo as crianças brincarem.
- Uh lá, lá. Que cheiro bom mais o que é isto?
Brincando respondi:
- Não é carne nem osso nem perna de mosquito.
Rimos juntos e entrei para almoçar. Depois do almoço estirei-me na rede e só acordei lá pelas seis horas e resolvi trabalhar um pouco. Limpei os dados de navegação, restaurei o sistema e comecei a digitar em uma postagem que iniciara. Não demorou muito e Dhoren apareceu na micro bolha. E anunciou:
- Cmte a transmissão vai iniciar dentro de três minutos.
- Os Conselheiros foram avisados?
- Sim Cmte, todos.
Na micro bolha Theu apareceu sorrindo e fez um sinal de positivo que respondi com um aceno. Acomodei-me na poltrona e esperei a transmissão iniciar. A expectativa foi de uns cinco minutos e a transmissão começou com as duas índias chegando à oca das mulheres. A Srta. Zhang estava sentada no toco à entrada da oca e ao vê-las entrou e foi apanhar a sua mochila que as cunhãs ajudaram a ajeitar em suas costas. Ladeadas pelas duas índias ela se foi em direção à oca de reuniões da aldeia que é um grande salão e rodeada de janelas, porém o seu aspecto do exterior é como as outras ocas redonda. No salão estava estendida uma rede e uma fogueira estava acesa para iluminar o ambiente.
- A moça vai ficar aqui recolhida. No inicio da madrugada, lá pela meia noite o Pagé virá aqui para preparar a moça e as cunhãs para a viagem. Em seguida partirão com ele. É bom a moça comer qualquer coisa e beber água antes da meia noite. Procure ficar calma e descansar. Nós já vamos. Inté.
- Inté companheiras.
Sozinha a Srta. Zhang estirou-se na rede e passou a conjecturar sobre a sua vida. Era de uma família de certa elevação social, bem sucedida nos estudos e na profissão e agora estava ali, no meio do mato, em País distante e longe dos seus e por mais que quisesse ficar aborrecida com a sua situação que para muitos seria um terrível transtorno só conseguia sorrir e em determinados aspectos, até se sentia feliz ainda mais que; já sentia o nenê se agitando em suas entranhas. Ele talvez por instinto se alvoroçou no seu ventre e ela balbuciou:
- Calma nenêzinho, Mamãe está bem.
Alguém cutucou seu ombro e falou:
- Ele está doidinho para nascer.
- Mais que alegria ver você aqui Sacy. Quando for de madrugada partirei.
- Eu sei, eu sei. Falou o Santo Piá sentando no chão, à sua frente.
- Sabe Sacy, antes de você chegar estava pensando em minha situação. Pensando nos meus, em quem eu era, em quem eu sou e na situação em que me encontro. Mais sinceramente e de coração não estou aborrecida nem magoada com ninguém. Mais por que isto tudo aconteceu comigo? Isto não consigo entender.
- A Tiazinha quer mesmo saber?
- Sim Sacy. Se você puder me explicar e seja o que for ficarei muito grata a você.
- Em sendo assim Tiazinha vou te explicar. O caso e questão é esta; a Tiazinha foi capturada pelo Cmte Jotha.
- Como assim Sacy capturada?
- Calma, calma. Tiazinha eu explico.
- Nos mundos habitados existem os idealizadores, os projetistas, os executores e os operadores. Desde os remotos idos da Lêmure Atlântida o Cmte Jotha exercia estas funções. Para que a Tiazinha entenda rápido, tudo que a humanidade é, possui e usa foi ideado, projetado, executado e operado por alguém no passado. Só que neste ciclo atual de civilização, os maus é que idearam, projetaram e estão executando e operando triste sina e sorte para a Humanidade. Mais não terão êxito nos seus intentos mesmo sendo ajudados pelos satânicos habitantes do planeta Nibiru e seus sudras os judo sumérios.
Sentada na rede, de olhos arregalados a moça era só atenção e espanto.
- Quando o Cmte Jotha ideou os espiões na Molécula 1 – Canudos. Pensou em um grupo de espiões chineses e o chefe dos mesmos seria um oficial feminino. Então a Srta. Zhang foi capturada no plano Semi Material. Para todos os efeitos, a Tiazinha no Plano Material não existe aí sentada na rede mais ao mesmo tempo existe e isto é o mágico do viver Cósmico. Quando vocês terráqueos atingirem a evolução planetária em plenitude, poderão até viajar no Tempo como eu.
- Quer dizer então que eu também estou lá na China?
- Estava mais não está mais, pois seus superiores realmente mandaram você cumprir sua missão de espionagem na Molécula I – Canudos. A Tiazinha veio ao Brasil saber se a Molécula I – Canudos já era uma realidade.
- Mais as Moléculas existem ou não existem Sacy?
- Plenamente no Plano Material exterior isto é na vida quotidiana ainda não. Mais na cabeça e no coração de milhares de criaturas desta sofrida Humanidade sim. Isto significa que as Moléculas já começaram a se materializar só que a Humanidade como um todo, ainda não percebeu isto. Talvez até na China já existam rebentos do que possa ser uma Molécula ativa.
- Quer dizer que as Moléculas são ideações do Cmte Jotha? Se for dele não será ele um Semideus?
- Não Tiazinha. Ele não é um Semideus nem tampouco idealizou as Moléculas. Quando a moral da necessidade de uma Humanidade necessita de soluções para seu desenvolvimento ou aprimoramento e o Cosmo tem planos futuros para a mesma, aí os gestores Cósmicos disponibilizam os materiais e as informações necessárias desde a antimatéria a imatéria mais não na matéria. Ai os mortais que se preocupam em solucionar os problemas podem ter vislumbres de suas próprias soluções, destas informações cósmicas e materiais e se um deles ou mais crerem em sim mesmo e pesquisarem acabarão chegando ao resultado final.
- Mais se o mortal tiver más intenções quanto ao uso das informações e materiais?
- Tiazinha as informações são de usufruto de todos, até dos maus. O que acontece quando o mau faz uso inadequado das informações e materiais é que o resultado final acabará o devorando mais cedo ou mais tarde e a dívida cósmica será somente sua. O Cmte Jotha é apenas um participante de uma empreitada Cósmica iniciada a milhões de anos na Atlântida e nela a hierarquia vai dos seres microscópicos aos seres elevados e divinos.
- Nesse caso ele é apenas um soldado, um subalterno?
- Mais ou menos isto Tiazinha. Escute o Pagé e as cunhãs já estão chegando, fique tranquila e até a próxima Lua Nova. Inté.
- Inté Sacy.
O Pagé e as cunhãs entraram no recinto calados. O Pagé foi até onde estava a Srta. Zhang fitou-a nos olhos e indagou:
- Está sentindo medo?
- Não apenas apreensiva de ante daquilo que não sei o que é.
- Muito bem fique perto da fogueira de pé e não pronuncie qualquer palavra até terminarmos a preparação.
Dizendo isto o Pagé fez um sinal e as cunhãs vieram se postar a esquerda e a direita da Srta. Zhang. Neste momento, no entanto a transmissão foi interrompida.
- Mais o que houve Theu?
- Cmte simplesmente o ritual não pode ser visto por nós.
- Então informe isto aos outros.
Nem bem acabara de falar com Theu e o celular tocou. Era o Dr. Roberto.
- JB o que houve? Houve falha na transmissão?
- Não Dr. Roberto. O caso é que não podemos assistir o ritual.
- Cmte o Cmte Berhu avisa que por ser muito tarde a transmissão vai ser encerrada mais amanhã a partir das nove será transmitido os eventos acontecidos de madrugada, pois assim que terminar o ritual de preparação, mesmo sendo altas horas da noite eles se porão a caminho. Dhoren já está avisando aos outros conselheiros.
- Deu para escutar o aviso Dr. Roberto?
- Deu JB mais está aparecendo no meu monitor e em sendo assim uma boa noite e até amanhã.
-Boa noite doutor.
- Cmte mais alguma coisa?
- Não Theu. Uma boa noite para vocês.
A micro bolha se apagou, no relógio da parede eram onze horas então fui dormir.
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**** O olho que dizem que tudo vê, olha o Mundo e não me enxerga pois no Ontem não era, no Hoje não é e no Amanhã nunca será. No entanto Eu olho o Mundo e o olho que dizem que tudo vê: Eu o vejo e o enxergo pois no Ontem Eu era, no Hoje Eu sou e no Amanhã sempre serei porquê na Eternidade das Eternidades, Sou Um de D*E*U*S*.

**** Eu vim, vi e venci e nem “eles” me viram nem tu me viste.
**** Um abraço a todos, até o próximo artigo e Inté.
**** Independência ou Sorte. O Aedo do Sertão

**** Fim.