sexta-feira, 26 de novembro de 2010

No altar dos sacrificios III

O interesse pelos mistérios da Pedra da Gávea, por civilizações ancestres, ufologia, esoterismo e arqueologia e até arqueologia submarina fez com que descobríssemos uma incrível coincidência; em março de 1972 assumi a assessoria de cultura e pesquisa de campo da Abepa e em fevereiro ele havia deixado o cargo por não aceitar imposições um tanto inconsequentes de seu diretor.
Conheci At em Sepetiba quando ainda militava no Movimento Comunitário. Viera me procurar, pois queria me colocar em contato com uma amigo seu, engenheiro, representante de uma das empresas concorrentes para efetuar as obras dos primeiros brizolões. Educado e de conversa além da convencional, pois estava o par de várias gamas do conhecimento, para nós foi fácil encetarmos uma amizade.
Vários fatos de características inusitadas e transcendentais envolveram a nossa amizade. O primeiro foi quando comecei a organizar e trabalhar em tempo integral no Tecno Teste, a Ciência Oaieme Aieme. Participava a anos de uma instituição milenar de esoterismo e dela recebi uma carta cujo teor me indagava sobre o que eu estava fazendo. Que “história e estórias são essas” era o teor da pergunta. A carta me intimava a entrar em contato imediato com a organização através de um telefone específico para prestar esclarecimentos. Fiquei fulo de raiva e como At fora ou ainda era membro atuante, fui até a sua casa e mostrei - lhe a carta e ele com o olhar sério perguntou o que eu pretendia fazer. Disse-lhe que mediante o fato e outros em que eu questionei por carta expressa superiores, iria imediatamente me desligar da entidade e queimar tudo em minha casa e atelier que se relacionasse com ela.
- É sua ultima palavra? Indagou.
- Em relação ao fato é e se você me permite ligarei daqui mesmo.
- Use o telefone, vou gravar a conversa. Falou ele enquanto abria uma gaveta e preparava um gravador.
Instalado o esquema de gravação, liguei. Do outro lado alguém que parecia aguardar a minha ligação atendeu.
- Olá XXXX João Batista. Um bom dia. O que nos tem a dizer ou explicar?
- Nada. A não ser informar que a partir desta data não pertenço mais aos quadros desta instituição.
- Mesmo que você morra nunca deixará de ser um de nós.
- Vou pagar para ver, redarguí. Discutimos mais um pouco e desliguei o telefone
Conversei com At mais um pouco e fui embora. No atelier, queimei tudo que pertencia ou se relacionasse com a instituição. Só guardei a carta e a carteira de identificação para comprovação do fato.
Algum tempo depois, na Feirarte de Ipanema um cidadão alto, branco de feições nórdicas estava em frente ao meu painel e observava atentamente meus quadros. Aproximei-me e percebi que ele ostentava um grande anel de ouro ornado com os símbolos da instituição. O anel demonstrava a sua posição na instituição e no contexto da sociedade. Fitamo-nos por um momento. Nada falamos, nada dissemos. Foi como se um cão e um gato se esbarrassem numa esquina e como é obvio se entranhassem. Olhei para seu anel insinuando coisas e olhei duro para seus olhos e ele me olhou duro também e seus olhos pareciam faiscarem na tentativa de me intimidar. De repente deu um olhar de escárnio e zombaria virou as costas e se foi. Não senti medo, apenas tive a certeza que todos estavam do lado de cá do rio da vida e eu, do outro lado, sozinho, terrivelmente só.
O interessante deste texto total é que quando digitava o trecho “ identificação para comprovação do fato”, a luz deu uma queda e tive que refazer todo o texto, exatamente hoje, quarta feira, 21 de julho de 2010 as 09:43.
No começo dos trabalhos com a Ciência Aieme, a cada resultado novo, tentava explicar a outras pessoas o que estava acontecendo, invariavelmente ficava falando sozinho. Por isso nunca mais contei nada ou falei sobre o trabalho com qualquer pessoa. Apenas At quando o visitava se inteirava dos progressos da obra, fazia seus comentários sempre me alertando sobre as dificuldades que enfrentaria.
O segundo acontecimento foi quando atendendo a um telefonema de At fui à sua casa.
Em chegando lá o encontrei arrumando suas coleções de livros e revistas em suas novas prateleiras.
- Afinal encontrou a solução final para o espaço? Indaguei.
- Claro. Agora vou ter tudo organizado. Tenho algo a te mostrar por isso telefonei. Você terá que voltar logo mais a noite, lá pelas 09:00 Ok? Veja ali na área de serviço, acabei de montar o telescópio ontem.
Fui à área de serviço e lá estava materializado um de seus sonhos, um enorme telescópio de uns 2 metros elaborado com um enorme cano de esgoto de 150mm cheio de esquisitos acessórios.
- Caramba! Está lindão, comentei.
- Hoje, a noite será excelente e favorável, você não pode perder.
- Claro que não respondi e voltamos para a saleta um misto de atelier, oficina, biblioteca e recinto de orações.
Continuamos a conversar enquanto ele arrumava tudo. Distraidamente manuseava livros quando em cima de uma cadeira divisei três grossos volumes de capa dura. Ao pegar um deles ele explicou:
- São navios do século XVIII e XIX. Belos você não acha? Seus nomes estão embaixo das estampas.
- Sim. Sim respondi enquanto folheava um deles.
- Poxa. São navios de todos os tipos e procedências. Escuta aqui At, eu procurei no índice mais não achei nenhum com o nome de Thetis. Será que existiu algum navio com esse nome?
Levei um tremendo susto; At vinha com uma pilha de livros que apanhara no corredor e os deixara cair. Estava pálido, de olhos esbugalhados e parados ali na minha frente.
- O que houve At? Indaguei.
- Repita o nome do navio. Exigiu ele.
- Tethis At. Thetis.
- Onde você achou esse nome? At olhava-me sério e estava um pouco nervoso
- Em lugar nenhum At. Simplesmente eu estava pesquisando uma variante de cálculos da Ciência Oaieme a nível progressivo e para isso escolhi como tema D. Pedro II. Como esse tipo de calculo é complicado e trabalhoso não mais os fiz, pois tenho que publicar os que já estão elaborados.
- Se você não sabe o resultado de cor vá buscar para me ver e lê.
Peguei sua bicicleta e célere fui até ao atelier e lhe trouxe uma cópia do laudo feito. Ele pegou a cópia, leu sôfrego e exclamou.
- Ratos. Os documentos comprobatórios disso e da divida inglesa foram incinerados. João seu lado está certo o navio naufragou depois de Cabo Frio e os ingleses fizeram tudo para resgatar alguma coisa. Trouxeram até mergulhadores polinésios e navajos mais em vão. O mar escondeu tudo. Atualmente, que eu saiba só três pessoas sabem disso, os dois velhos marinheiros que me contaram a história se estiverem vivos e eu. Quanto ao nome do navio pode ser que haja alguma diferença, talvez na quadratura você encontre outro nome de uma Musa marinha. Aliás, João, você pretende continuar com as pesquisas da Ciência Oaieme?
- Sim. Por isso deixei até de pintar. Irei até o fim mesmo que meus últimos dias sejam de cuia mão.
- Escute o que lhe digo: Se você continuar vai se deparar com obstáculos quase intransponíveis, mais se ultrapassados lhe trarão pelo menos a glória da realização. Por outro lado, se você desistir sua velhice será coroada pela magoa e a revolta de não ter acreditado em você mesmo. É pegar ou largar companheiro, pois eu vi isso no Tarô.
- Já peguei e abracei e o Tarô não sabe de tudo, respondi sorrindo.
- Pode ser, pode ser. Infelizmente não vou ter vida para bater palmas para você. Minha partida se avizinha João e consciente disto estou.
Seu olhar era triste mais de resignação.
Ele sofrera um acidente que se transformou em esquisita doença. Apesar de ter a aparência saudável, era diabético e não tinha forças para trabalhar a não ser pequeninos consertos na área da informática e eletroeletrônica. Como era muito reservado com suas coisas intimas , nunca perguntei como se acidentara talvez penso eu, em alguma pesquisa submarina.
- Já vou indo, falei sorrindo para animá-lo. Mais as 09h00min estarei de volta
- Não falte. A noite vai ser linda.
À noite voltei e fomos observar o céu. Ele me mostrava as constelações, dizia os nomes e me apontava estrelas enquanto eu me recriminava por nunca ter dado importância a essa atividade; a astronomia.
Antes de tecer considerações sobre o terceiro acontecimento cujos atores foram At e eu convém dar explicações sobre o texto e seu personagem central. Eis aí na íntega  a sinopse do texto.
Tecno teste 2° Grau = nível B
Multiplicação-Laudo-
Eu sou o Santo Saci e reino nos ermos sertões ao Brasil.
Se você me crê, eu contarei a estória. Se você não me crê, eu calo e em noite escura verás meu vulto e a bosta e a urina irá melar tua meia.
Eu vi as cenas no mar e o relato está ai.
No ultimo século o Brasil tinha um rei alto, sábio, másculo, e com muito charme varonil e isto cativou a muitos. Muita senhora rica nas Cortes em além mar tinham suave anseio ou anelos ao Real Senhor. E a Real Senhora britânica muito ouvia contar sobre o Brasil e seu imortal Real Senhor
E a bela e Real Senhora se motiva...
O Reino Britânico tinha muitas contas e acertos e a libra não tinha mais lastro hábil no haver ou nos baús. Um navio bucaneiro e uma escuna real vinham ao Brasil e ano a ano e muito se levou ao Reino Britânico em réis, libras, brilhantes, ricas pedras e bens em lotes em malotes e, baús e tonéis. E só eram abertos no Real Castelo Britânico. A ralé no navio ou na escuna não violam e não roubam, não levam as chaves.
A escuna real tinha branco velame e era muito versátil. No seu velame e até no alto mastro central se via o Rebus Real em meio a virotes, venábulos e letras em tons carmins e sob o Rebus Real se lia ou se via um verso em latim ao Reino Britânico.
Aí está o ato ou cena e será o ultimo: a escuna e o navio ao voltarem rumo ao reino Britânico em negra e trevosa noite, violenta maré os sova.
Eu vi as cenas e os atos relato;
A escuna e o navio se rebolam no mar infesto e não se norteiam. E nívea nuvem em vórtices se volta contra as naus. Na escuna se reiçam os velames e a escuna aos trancos e a meia nau se vai rumo ao norte. Mais o navio bucaneiro, sem lastro ao nível, com muita coisa em baús e tonéis até o convés vira num tranco, emborca e mergulha no negro mar. Seu nome honra uma Musa e está no tema. Se tens crânio ou tino adivinhe o resto.
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Os laudos da Ciência Oaieme são elaborados em Idioma Brasileiro Livre e não obedecem as normas da língua portuguesa
Nosso personagem central ao texto o Saci é vitima de uma impostura cultural sem precedentes. A divulgação de sua imagem demonstrando ser ele um negrinho perneta de barrete vermelho na cabeça e cachimbo na boca é uma ofensa as tradições culturais e religiosas de nossos brasileiros indígenas bem como uma falta de respeito a nossa ancestralidade, assim como a nossa inteligência. Quem inventou o Saci negro foram os jesuítas e o colonizador português com a intenção de desmoralizar a cultura indígena. Mais em que base me escoro para me expressar deste modo? Abaixo estão elas e desminta-as se, ou quem puder.
Não existem índios negros no Brasil.
Nossas crianças indígenas não fumam e muito menos fumariam principalmente as do passado.
O barrete vermelho na cabeça era um ícone da Revolução Francesa, costume que os franceses copiaram dos povos Frigios, pois o barrete vermelho era uma peça especifica das indumentárias de tal povo
O que me causa espécie é que nem mesmo o Ministério de Educação e Cultura se pronuncia a respeito desta ofensa cultural, o que me faz pensar que falta no âmbito da educação e cultura desta Nação algo que se chama, amor a nossa Brasilidade.
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**** O olho que dizem que tudo vê, olha o Mundo e não me enxerga pois no Ontem não era, no Hoje não é e no Amanhã nunca será. No entanto Eu olho o Mundo e o olho que dizem que tudo vê: Eu o vejo e o enxergo pois no Ontem Eu era, no Hoje Eu sou e no Amanhã sempre serei porquê na Eternidade das Eternidades, Sou Um de D*E*U*S*.
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**** Eu vim, vi e venci e nem “eles” me viram nem tu me viste.
**** Um abraço a todos, até o próximo artigo e Inté.
**** Independência ou Sorte. O Aedo do Sertão

**** Fim.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

No altar dos sacrifícios II

Nos idos do ano de 1980, talvez 1983.
Era domingo e como de costume após montarmos nossos painéis na Feirarte de Ipanema íamos tomar nosso café entre bate papos e leitura de jornais.
Já estávamos apressando a conta quando um colega entrou e me avisou:
-JB tem uma senhora te esperando no painel. Parece ser uma cliente.
- Mais a esta hora? indaguei.
- Vá logo JB, a senhora parece impaciente.
Rápido me dirigir para a praça e ao lá chegar qual não foi a minha surpresa; Era Da V.
- Olá João, como vai? Gostei de seu trabalho. Suas figuras são alegres e prazeirosas. Me fazem sentir saudades de meu Ceará.
Após cumprimentá-la e trocar algumas idéias sobre arte e cultura indaguei quais os motivos que a fizeram vir tão cedo a Feirarte.
- Problemas João, problemas... desta vez não sou eu que está em perigo, mais uma amiga minha e você a conhece. Ela como eu no passado está sendo vítima de eventos ou situações ligadas a Pedra da Gávea. Ela é a Vv.
- Mais ela não era tão sólida, espiritualizada e até astróloga?
- O ferro é forte e duro mais não é imune a ferrugem e ela está enferrujando no corpo e no espírito. Você só vai acreditar quando a ver. Você terá que ajudá-la.
- Mais como? Terei que levá-la a Pedra da Gávea?
- Não João, pelo contrario. Nós temos que retirá-la o mais rapidamente possível das proximidades da Pedra da Gávea. Me lembrei logo de você porque você nos falou que seu atelier em Sepetiba é grande e espaçoso.
- Mais que me conste ela é uma moça. Se ela for para lá, ela não terá privacidade nem eu. Afinal eu tenho minhas relações. Isto é meus namoricos.
- Sim, sim João, eu entendo e lá em casa discutimos isso. Mais no meio da historia existe um bebêzinho. Escute João; ela se confinou no seu apartamento com a criança e de lá não sai. Eu é que levo alguma coisa para ela e para a criança. Não posso pedir socorro as autoridades, eles não entenderiam o problema e complicariam tudo. Ela está irreconhecível João, por favor...
- Realmente. a primeira coisa que fariam era tomarem a criança. E o pai dela e o pai da criança? Pelo que eu sei a mãe ou morreu ou se separou do marido.
- Você pode não acreditar mais os dois estão mancomunados contra ela porque ela tem um pouco de dinheiro guardado.
- Da V eu não tenho condições financeiros para fazer a mudança dela daqui para Sepetiba, porém a alimentação não será problema. como vamos iniciar a ajuda?
- João você teria que vê-la. Preferencialmente hoje, depois que terminar a Feirarte. sendo você ela abrirá a porta pois eu falei com ela que viria pedir ajuda a você e ela concordou. Você vai ficar estarrecido com o que verá lá.
- Suponho se ela concordar, amanhã mesmo eu venho para a cidade com um transporte e amanhã mesmo ela e o nenê já dormem em Sepetiba.
- Você indo lá hoje eu não irei pois tenho compromissos e amanhã em tudo certo a noite ela que me telefone dando noticias. Se ela não me telefonar será o sinal que as coisas não foram bem. Isso, não pode acontecer.
Ainda conversamos um pouco a respeito de vários assuntos depois ela se foi sem não antes me cobrar a palavra dada.
Depois do almoço efetuei duas boas vendas e mediante isso resolvi ir embora mais cedo e resolver o problema. Desmontei meu painel e entreguei o resto de meus quadros ao guardador, peguei um taxi e fui para Botafogo onde Vv estava morando. Não foi difícil encontrar o endereço, o edifício em que morava era na própria praia. Paguei o taxi e adentrei no prédio, como não havia ninguém na portaria tomei o elevador. Ao sair do elevador divisei logo o a porta de seu apartamento. Bati na porta e uma voz ríspida respondeu:
- Não quero falar com ninguém. Por favor não me incomode.
- Sou eu Vv, o João.
Ela demorou a abrir a porta, o exalar do odor de urina e fezes de criança dava para se pressentir através da própria porta e me incomodava .
Depois de algum tempo ela abriu a porta.
- Oi João entre. Não repare a bagunça.
Ali estava uma figura esquálida, magra, só pele e ossos, desgrenhada e de olheiras adensadas que denunciavam noites sem dormir, desnutrição e desequilíbrio emocional. A catinga nauseabunda que inundava o ambiente causava enjoo ainda mais, somada a fumaça de cigarro que ela fumava quase que um atrás do outro. Em um canto a criança dormia enrolada em toalhas usadas e em cima do fogão panelas, pratos e talheres estavam amontoados e sujos. Ela mesmo recendia o fétido dos suores de seu corpo por não se assear em banho. O apartamento era um quitinete pequeno e sua janela estava fechada o que transformava o recinto em soturno ambiente.
Enquanto tentava colocar alguma coisa no lugar ou separando roupas limpas das sujas indaguei:
- Mais o que é que houve com você ou o que é que está acontecendo?
- Eles querem me matar João. Estão com muita raiva de mim e de lá da Pedra da Gávea ficam me atormentando. Por isso mantenho a janela fechada para que eles não possam me ver. Eles me vendo me atinjem e eu passo muito mal.
Enquanto ela falava eu pude perceber que seu corpo e seus olhos pediam socorro. Coloquei as roupas limpas numa cadeira e as sujas dentro de um saco e me dirigi para a janela. Ela pressentiu o que iria fazer e de um pulo agarrou-me pelas costas tentando me impedir. Mais lépido me desvencilhei dela e abri a janela de supetão. Até que a paisagem era linda. Na frente e do lado esquerdo estava o Corcovado e ao longe banhada pelo por do sol ao entardecer a Pedra da Gávea. Mais devido a incidência dos raios solares e a proximidade do escurecer, estava soturna e tétrica. Agarrada as minhas costas chorando e trêmula Vv balbucionava baixinho.
- Eles estão lá João. Mais não sei porque você não os vê. Eles estão apontando para cá. João estou com medo. Por favor feche a janela pois já estou ficando tonta e com dor de cabeça..
-Não. respondi áspero e desvencilhei-me dela. Ela caiu sentada perto da crianaça e ali ficou imóvel. Não se mexia e de cabeça baixa chorava baixinho. Penalizado a endireitei encostada a parede e ajeitei suas roupas. Voltei para a janela e fiquei olhando firmemente para a Pedra da Gávea enquanto uma raiva incontida fazia ferver meu sangue. Nem percebi que ela estava abraçada a minhas costas. Só percebi quando ela começou a falar baixinho.
- Não posso acreditar no que estou vendo. Eles estão correndo para um Ovni estacionado perto do Carrasqueiro pois estão com medo de você. São muitos e alguns estão machucados. Eles são horríveis João, horrorosos. Eles são o fruto de experiências genéticas mal sucedidas e são as hostes de Satã. João nós não descendemos dos grandes monos. Os grandes monos é que descendem de nós e são um problema para os Gestores Cósmicos do planeta. No dia que o ultimo grande mono morrer o problema terminará a nível material mais a nível espiritual não pois eles obedecendo a lei Cósmica que rege as Inteligências Almáticas Independentes Semi humanas terão o direito a reencarnação um nível acima aqui ou em outro planeta. É crime Cósmico matar, escravizar ou tentar extinguir a raça. e no Cosmo estes crimes são imperdoáveis.
- Bem, e nós quem somos nós?
- Nós somo Inteligências Almáticas Independentes e Humanas. Quando atingirmos a evolução total, seremos Super Humanos mais só daqui a milhões de anos não é mesmo João?
- É verdade, é verdade. Mais se nós descendemos dos grandes monos, porque eles não evoluíram? Assim como não gosto que me digam que sou descendente do incestuoso casal Adão e Eva não gosto de ouvir falar que sou descendente de macacos, ainda mais quando fico dando cambalhotas no circo da vida.
- Se você tem sangue indígena não precisa se preocupar. Você sabe que na Europa debaixo dos panos os Humanistas de lá asseveram que nossos índios ou antes os brasileiros são uma das heranças genéticas do planeta. Fui pesquisar através dos astros e são mesmo. Eles são a nossa herança Lêmure Atlante.
- Ah!Ah... que bom se isso fosse verdade, completei.
Da janela fitava a Pedra da Gávea, conjeturava sobre a relação que havia entre ela e a minha pessoa. O que poderia ser? Uma relação do passado? Quem sou eu?
Estava perdido em meus pensamentos quando Vv ao meu lado falou ternamente.
- Não se preocupe João. Os Gestores do Planeta não permitirão isso e isso o não saber do passado faz parte do evoluir. Faça as coisas certas que acha que tem de fazer e a cada uma concluída, uma luz se acenderá na sua jornada.
Aquiesci com a cabeça que sim e indaguei;
- Mais porque os alienígenas cismaram com você?
- Ah! Sim. O motivo foi que através da astrologia consegui entrar em contato com o comandante de um submarino atlante submerso e preso no lodo do Rio Amazonas. A tripulação está vivendo em uma outra dimensão mais, eles tem a esperança de serem salvos e voltarem a viver talvez em outro sistema, não no nosso planeta na vida material, acho se salvos a coisa seria assim. Se conseguíssemos salvá-los herdaríamos seus bens materiais e sua alta tecnologia e é isto que assusta os alienígenas.
- Então para não ser incomodada terá que interromper os contatos.
- É, infelizmente, infelizmente.
- Vamos fazer o seguinte; eu vou comprar um lanche para nós e na volta combino o que vamos fazer amanhã pois já escureceu e eu tenho que ir embora para Sepetiba.
Como a padaria era um pouco longe, demorei um pouco e ao voltar encontrei Vv de banho tomado e a criança arrumada e de roupa mudada em cima de toalhas limpas. Ele fez vários sanduíches e enquanto comia e dava mamadeira a criança lhe expliquei o meu plano.
- Amanhã você vai cedo para o banco retira o dinheiro e arruma o que estiver faltando. Devo chegar aqui no máximo até ao meio dia, a mudança vai de combi e nós vamos de ônibus.
Confiante em si e mais segura ela disse que retiraria uma quantia razoável para não vir a cidade outra vez, coisa que ela não queria fazer tão cedo.
Tudo resolvido me despedir e fui embora. No dia seguinte combinei com um amigo a mudança logo cedinho, quando foi mais ou menos umas 10 horas já havíamos chegado em Botafogo. Mais ou menos umas 11 horas Vv chegou e estava alegre e bem disposta. A mudança foi rapidamente acomodada na combi pois suas coisas eram poucas. A combi partiu para Sepetiba e nós fomos para a praia tomar o "frescão" para Sta Cruz.
Dentro do ônibus ela indagou se os homens eram de confiança, lhe respondi dizendo que eles eram tanto de confiança que em chegando em Sepetiba eles arrumariam a mudança pois já sabiam qual o quarto em que colocariam suas coisas.
- Poxa! Mesmo que a gente demore a chegar?
- Sim. respondi.
- Então em Sta Cruz podemos fazer umas compras?
- Claro. Lá o comercio é razoável
Vv se calou mais olhava fixamente para mim. Seus olhos grandes e negros pareciam querer me dizer alguma coisa mais entrou em profundo sono assim como a criança e eu entendi o porque. Mais, quando o "frescão" já na Barra da Tijuca passava próximo a Pedra da Gávea ela abriu os olhos, e de olhos fixos na montanha exclamou:
-Adeus velhacos!
Em Sta Cruz ela comprou algumas coisas que considerava de necessidade imediata e uma lembrança para minha mãe. Viemos de táxi pois tínhamos que parar no ponto das combis e pagar ao meu amigo. Ele falou que estava tudo arrumado mais fechara as janelas pois não sabia que hora chegaríamos. Nos despedimos e fomos para minha casa. Como a rua é sem saída o táxi manobrou ali mesmo e o barulho do carro fez com que minha mãe viesse a varanda e quando ela viu eu chegar com uma mulher e um nenê a tiracolo a sua fisionomia era só espanto e curiosidade
VV já conhecia minha mãe pois uma vez quando ainda na Abepa a acompanhei numa ida a Pedra da Gávea.
- Não é nada disso que a senhora está pensando Da. M, sou apenas uma amiga do João e vim passar uns tempos em Sepetiba Foi logo se explicando Vv.
Mediante isso minha mãe tomou a criança em seus braços e se sentaram para conversar.
Como já passava das 2 horas e não tínhamos almoçado sai em busca de refrigerantes pois havíamos trazido uma enorme pizza. Após o lanche Vv se despediu de minha mãe e fomos para o atelier. Em lá chegando ao se adentrar exclamou;
- Mais que astral!
Vv percorreu a casa toda e o quintal e achou que o quarto que havia lhe reservado era excelente. Cantarolando deitou a criança no tapete da sala e foi arrumar suas coisas.
Vv nem a criança me incomodavam. A sua vida transcorria tranquila, cuidando da criança e fazendo seus astrológicos cálculos e um dia me perguntou quem era o " homem da cheia do Nilo". sinceramente não soube responder. Meses depois ela comprou uma pequena casa ao lado da minha e lá passou talvez um ano. Eu a sentia só e isolada mais não tocava no assunto. Um dia porém, vindo a cidade encontrou um antigo namorado. Ele ao tomar conhecimento da criança, segundo ela, lhe propôs casamento. Ela voltou para casa entusiasmada e tratou de vender a casa pois iria viver em Brasília. A venda da casa foi rápida e ela se foi. Espero que ela esteja bem. Deste evento, a única coisa que lamento e isso não me perdoo é que nunca me lembrei de perguntar a Vv qual era o método utilizado por ela para se comunicar com o comandante do submarino atlante.
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**** O olho que dizem que tudo vê, olha o Mundo e não me enxerga pois no Ontem não era, no Hoje não é e no Amanhã nunca será. No entanto Eu olho o Mundo e o olho que dizem que tudo vê: Eu o vejo e o enxergo pois no Ontem Eu era, no Hoje Eu sou e no Amanhã sempre serei porquê na Eternidade das Eternidades, Sou Um de D*E*U*S*.

**** Eu vim, vi e venci e nem “eles” me viram nem tu me viste.
**** Um abraço a todos, até o próximo artigo e Inté.
**** Independência ou Sorte. O Aedo do Sertão

**** Fim.