sexta-feira, 19 de novembro de 2010

No altar dos sacrificios I

O histórico sobre a Pedra da Gávea é rico em relatos de mortes, acidentes e até a presença de Ovnis. Meu contato com a Pedra daGávea se deveu ao fato de que indicado pelo Intermediário acabei me tornando assessor de pesquisas de campo da Abepa, Associação Brasileira de Estudos Pesquisas Arqueológicas hoje em dia extinta pelo que me consta. O primeiro contato foi no carnaval de 1973. O presidente da Abepa, o Intermediário, eu e mais dois membros lá ficamos por toda a semana do carnaval. Através do intermediário houve alguns eventos mediúnicos mais que considero sem importância para relato. Fui lá várias vezes com o Intermediário mais nunca aconteceu algum fato relevante. A disposição da Abepa fui também algumas vezes com seu presidente cujo sonho era encontrar tesouros ou vestígios de civilizações que nos precederam. 
Na última vez que fomos juntos, precisávamos reencher os cantis e eu me dirigir a um lugar na montanha conhecido por poucos para buscar água, deixando-o no Jardim de Badezir quase nas nádegas da esfinge. Como voltei rapidamente por um atalho fiquei surpreso ao ver o velho arqueólogo sentado numa pedra, chorando por não encontrar pistas para prosseguir em suas pesquisas. Não fiquei penalizado mais me escondi para que não me visse e só apareci quando senti que sua crise de decepção havia passado. Mais foi em 1975 que o primeiro fato concreto aconteceu. Nesta época já não pertencia aos quadros da Abepa e tinha publicado o livro Os deuses vivem no inferno. Nesse período minha mãe era doméstica de uma família em Copacabana e fui visitá-la com a intenção de dar para ela e sua patroa um exemplar do livro. Mais ao chegar lá depois de um café e ao apresentar a ela os livros fui surpreendido com seu espanto e recriminação.
- Esse seu livro não fala da Pedra da Gávea?
- Sim. Fala Mãe, respondi.
- Pelo amor de Deus nem toque nesse assunto aqui nem dê a Da. D o livro hoje. Eu guardo o livro e outro dia você entrega a ela. A colega de L, MZ, morreu há dois dias pendurada na Pedra da Gávea e L está muito traumatizada.. No dia de sua morte L fez tudo que pode para que ela em vez de ir para a montanha fosse com ela a praia.
Um frio esquisito percorreu meu corpo mais nada disse. Como Da. D veio a cozinha, conversamos um pouco sobre o caso em seguida me despedi e já na rua, numa banca de jornal, pude ver a foto tétrica do rosto da esfinge na primeira página da revista Fatos e Fotos com a moça dependurada.
****
Na Abepa, havia uma senhora Da.V que era membro e entusiasta de pesquisas arqueológicas. Ela também era membro de um importante centro espírita perto do Arsenal de Marinha e como o presidente da Abepa seu sonho era desvendar os mistérios da Pedra da Gávea ou encontrar tesouros. Como um dos meus defeitos é não guardar datas, não posso precisar o ano do ocorrido. Mais o acontecimento se deu não muito depois do da moça MZ, talvez lá pelos idos de 1978.
Nessa época já morava em Sepetiba onde instalei meu atelier. Aos sábados ia para Botafogo onde minha mãe morava, fazia a Feirarte de Ipanema no domingo e na segunda voltava para Sepetiba. Isso era meu cotidiano. Minha mãe ainda trabalhava na casa de Da. D e um dia ela reclamou que uma senhora telefonava para ela pedindo que me desse um recado, pois ela queria que eu a levasse a Pedra da Gávea. Era a filha de Da. V que pedia para que eu a procurasse em sua residência, como não estava interessado em assuntos sobre arqueologia e alpinismo nunca fui. Houve outros telefonemas e minha mãe reclamou pois quando Da. D atendia e sabia que era sobre a Pedra da Gávea ficava aborrecida. Disse então para minha mãe que ela orientasse a mulher para me procurar na Feirarte de Ipanema. Naquela semana houve outra comunicação e minha mãe deu o recado
No domingo seguinte quando cheguei a Feirarte os filhos de Da. V já estavam me esperando. Pedi para esperarem eu montar meu painel aí então conversaríamos. Terminei minha tarefa e fui atendê-los, sentamos em um banco da praça e a moça mais idosa explicou o que queria:
- Seu João, minha mãe está muito doente e os médicos não conseguem detectar qual é a sua doença. A nossa peregrinação por hospitais, médicos e centros espíritas tem sido cansativa. Porém nos centros espíritas que fomos, eles nos disseram que tínhamos que procurar o senhor para que o senhor levasse a minha mãe até o alto da Pedra da Gávea aí então ela ficaria curada. Não acreditamos nisso, mais com o agravamento de sua doença, aconselhados por amigos, procuramos o centro espírita Caminheiros da Verdade e lá eles nos disseram a mesma coisa, mediante isso resolvemos pedir ao senhor para nos ajudar.
- Se vocês tivessem me procurado aqui há mais tempo, o problema já estaria solucionado pelo menos quanto à parte que me toca, levar sua mãe até a montanha. Vamos fazer o seguinte após a Feirarte irei visitar sua mãe.
O semblante de todos curiosamente foi modificado pelas minhas palavras e eles se foram até de certa forma alegres em direção ao ponto de ônibus.
Saí cedo da Feirarte e fui para a casa de minha mãe. Lá contei o ocorrido e ela me recriminou:
-Lá vai você outra vez se meter com Ovnis e tesouros que você nunca enterrou no mato.
Expliquei a ela qual era o problema mais mesmo assim ela deu um muxoxo e foi ver televisão. Rapidamente tomei um banho, me aprontei e fui visitar a enferma.
Todos estavam aflitos a minha espera. Cumprimentei os presentes e fui dar um abraço em Da. V. Ela estava irreconhecível. Ela era ou ainda é uma mulher de estampa e alta mais ali no sumiê estava uma senhora esquálida com o lado esquerdo completamente paralisado e com o olhar súplice.
- Olha como eles me deixaram João.
Lágrimas copiosas rolaram pelo seu rosto. Uma de suas filhas começou a chorar. Num ímpeto segurei as suas mãos e disse que iria levá-la na montanha. Isso funcionou, pois ela se endireitou e tomou a iniciativa de me apresentar seu afilhado, um rapaz trintão, bem apessoado e segundo ela era pai de santo no Ceará e viera para ajudar.
- Seu João, o senhor vai ajudar a minha madrinha não vai? Indagou ele.
- Claro. Amanhã vamos levá-la na montanha. Se a ida for seu remédio amanhã mesmo ela estará curada.
Até hoje nem sei mesmo porque falei assim.
Depois de combinarmos ida e como iríamos me despedi e fui embora.
No dia seguinte, segunda feira conforme o combinado eles chegaram à casa de minha mãe bem cedinho. Chegamos à Rua Yposeira ainda não era sete horas e conforme expliquei eles é que teriam de carregar a reboque a proporia mãe. No final da rua entramos no mato e começamos a caminhada. Ia à frente caminhando devagar e orientando o grupo. A sorte é que a temperatura estava amena. A subida estava sendo exaustiva para eles, se revezavam carregando a mãe mais não reclamavam e até me admirei pois eles de mato nada conheciam. Mais quando chegamos entre as Geladeiras o sofrimento deles foi maior. Nesse local existem duas enormes pedras que estão sempre frias e lodosas e havia chovido no dia anterior. Escorregavam e se sujaram no lodo das pedras mais com muito esforço conseguiram atravessar a mãe por um desvio e continuamos a subida. Chegamos a um lugar onde havia um filete de água sempre a correr lá pelas onze horas. Esse local é praticamente a metade da subida. Sentindo que todos estavam exaustos orientei para que eles se acomodassem nas enormes pedras que lá havia e numa mais plana ajeitassem a mãe para descansar. Rapidamente as moças arrumaram toalhas e um travesseiro e a deitaram de papo para o ar. Ela imediatamente adormeceu. Cada um de per si procurou um lugar para descansar e o grupo ficou assim por muito tempo; todos calados.
Sentado a beira do filete de água, raciocinava como poderia rebocar Da V pelo Carrasqueiro, um paredão de pedras irregulares com mais ou menos uns trinta metros. Fácil para alpinistas mais um tanto perigoso para leigos. Estava só com meus pensamentos quando fui interrompido por uma das filhas de Da V, ela me trazia sanduíches e um pedaço de bolo com mel. Agradeci e voltei a falar que não acordassem Da V e se ela falasse algo não a interrompessem nem a contradissessem. A moça se foi e ao olhar para ela se indo percebi que o pai de santo circunspecto, me observava.
Já se passavam umas duas horas do repouso do grupo quando Da V acordou. Espreguiçou-se e pegou uma toalha, veio até perto de mim abaixou-se e lavou o rosto e se enxugando me indagou:
- Deram lanche a você João? Não quer mais nada?
Eu disse que estava satisfeito e ela caminhando brincou;
- Vamos caminhar macacada. Está na hora de irmos embora. Vamos, se aprontem e me arranjam uma bolsa. Vou levar umas mudas dessas plantinhas.
O grupo e até eu mesmo se entreolhavam surpresos. Fiz sinal para que nada comentassem e começamos a descer a montanha.
Chegamos a casa de Da V à tardinha., depois do lanche então houve os comentários e ela não se cansava de dizer que estava se sentindo muito bem e até sacudia o braço esquerdo e abria e fechava a mão para atestar.. Notei que o pai de santo estava muito fechado e resolvi lhe perguntar algo que me estava incomodando; o que havia ocorrido na Pedra da Gávea. Pressentindo o que queria me chamou para um canto da varanda e fez sinal para que eu falasse.
- Afinal de contas o que aconteceu? Indaguei
- João aconteceu muitas coisas, coisas essas, inacreditáveis. Mais fui avisado que nada do que aconteceu posso contar a alguém. A única coisa que me foi permitido é que falasse a você que por trás de você durante todo o tempo que estivemos lá uma moça de cor moreno bronze ficou de pé. Nada mais posso explicar e tem mais; disseram-me que partisse imediatamente para o Ceará e não mais voltasse ao Rio de Janeiro. Amanhã cedo vou para o aeroporto e se não tiver vôo para Fortaleza ou Recife na parte da manhã vou para a Rodoviária e pego qualquer ônibus em direção ao Norte.
Conversei com o grupo mais um pouco, me despedi e fui embora
No outro domingo um dos filhos de Da V foi à feira me informar que sua já estava boa e trabalhando regularmente. Ela era funcionária do Ministério da Fazenda.
Sou voltei a vê-la uns anos mais tarde, uma vez quando foi pedir ajuda para uma sua amiga que como ela se metera a cutucar o desconhecido. E outra vez quando eu ia de ônibus para a cidade. Ela ia caminhando pela calçada do Hotel Meridien em Copacabana, muito elegante e altiva, depois disso, nunca mais a vi.
Os dois casos tem em comum a Pedra da Gávea mais e a minha pessoa? Qual é a relação com a Pedra da Gávea e os dois casos?
O antigo nome da região, ou antes, da montanha é Itanhangá nome de origem Tupy-Guarany e suas traduções que consegui depois de consultar muitas fontes foram estas;
Pedra dura do diabo
Pedra onde o diabo come
Pedra onde o diabo devora homens
altar sacrificios
A incrível semelhança com D Pedro II é impressionante
**** O olho que dizem que tudo vê, olha o Mundo e não me enxerga pois no Ontem não era, no Hoje não é e no Amanhã nunca será. No entanto Eu olho o Mundo e o olho que dizem que tudo vê: Eu o vejo e o enxergo pois no Ontem Eu era, no Hoje Eu sou e no Amanhã sempre serei porquê na Eternidade das Eternidades, Sou Um de D*E*U*S*.

**** Eu vim, vi e venci e nem “eles” me viram nem tu me viste.
**** Um abraço a todos, até o próximo artigo e Inté.
**** Independência ou Sorte. O Aedo do Sertão

**** Fim.